Fotos: Ednei Rosa
O prefeito Mauro Mendes (PSB) vem demonstrando muito esforço para expor a difícil missão de gerir a capital mato-grossense, que em meio à crise generalizada precisa, e muito, resolver graves problemas que tornam a vida do cidadão comum bem mais desigual.
Com o anúncio de corte de gastos, como a redução de secretarias e corte de servidores comissionados, o prefeito ainda se mostra desatento a questões que podem ser consideradas simples, mas essenciais para a sociedade. Um exemplo é o gasto com cerca de R$ 370 mil por mês na locação de veículos para atender toda a demanda das 17 secretarias municipais.
No total, a Prefeitura da capital possui 383 veículos, sendo que 209 são alugados de empresas terceirizadas e os outros 174 comprados com recursos próprios, oriundos da arrecadação de impostos, como o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU).
Segundo a secretária municipal de Gestão, Ana Paula Villaça, a maior parte dos veículos da prefeitura é alugada para economizar gastos.
“Isso (aluguel de veículos) é mais interessante, pois não temos a responsabilidade com a despesa de estar fazendo a manutenção desses veículos, pois em determinado período eles vão perder o seu valor de mercado, além de ter um custo de manutenção, seguro e licenciamento, que é repassado no contrato terceirizado”, explicou Villaça.
O ponto contraditório deste custo aos cofres municipais não é quanto à real necessidade de se utilizar veículos alugados para dar celeridade aos serviços administrativos das secretarias, mas sim a diferenciação na sua distribuição que chega a ser um tanto quanto questionável, já que algumas pastas contam com veículos novos, potentes e luxuosos, enquanto outros, de maior importância, sucumbem no sucateamento.
A discrepância pode ser notada quando comparamos os veículos utilizados em duas secretarias, a de Ordem Pública e a de Saúde.
Criada no final de 2013, a antiga Secretaria Municipal de Apoio à Segurança Pública – que após a reestruturação administrativa no final do ano passado passou a se chamar Ordem Pública, tem a responsabilidade de reforçar a segurança, protegendo o cidadão.
Para o atendimento a esta demanda, segundo o secretário da Ordem Pública, tenente-coronel Henrique Souza, foram adquiridos, com recursos próprios, dez veículos Toyota Hilux SW4, que na época da criação da secretaria custaram cerca de R$ 1,17 milhão (cada veículo foi comprado por R$ 117 mil) para a Prefeitura. Hoje, os veículos são utilizados não só pelos policiais militares a serviço do Executivo como também pelos fiscais municipais.
Enquanto isso na saúde, o Pronto-Socorro Municipal, que já enfrenta problemas com falta de leitos, material e médicos, possui apenas duas ambulâncias Fiat Fiorino.
Conforme a Secretaria Municipal de Gestão, estas e outras dez ambulâncias que atendem todas as unidades de saúde da capital são alugadas, gerando custo mensal superior a R$ 32 mil.
Ao Circuito Mato Grosso, funcionários do Pronto-Socorro de Cuiabá denunciaram que as duas ambulâncias que realizam o transporte de pacientes para outras unidades já estão em situação precária, necessitando urgentemente da troca por veículos novos.
“Passamos muitas dificuldades com as ambulâncias do Pronto-Socorro, pois um Fiorino não é o veiculo mais adequado para transportar pacientes. Mal cabe uma maca dentro desses carros, além da falta de ventilação”, denunciou um dos funcionários que trabalham no hospital público que atende, além dos cuiabanos, muitos mato-grossenses de outros municípios.
Segundo apurado pela nossa reportagem, esses dois veículos no Pronto-Socorro foram colocados em funcionamento no início da gestão do ex-prefeito Chico Galindo (PTB), que em 2010 assumiu a Prefeitura de Cuiabá no lugar de Wilson Santos (PSDB).
Este fato coloca em xeque o que a própria Secretaria de Gestão nos informou, já que segundo rezam os contratos de locação firmados com as empresas, a troca dos veículos em serviço na Prefeitura deve ser realizada a cada dois anos.
Primeiros passos
Seguindo nas necessidades de melhorias na saúde pública, nesta semana o prefeito Mauro Mendes assinou um convênio com o governador Pedro Taques (PDT) para a construção do novo Hospital Pronto-Socorro da capital.
O governo de Mato Grosso deve desembolsar cerca de R$ 50,7 milhões para a construção. Os repasses ao Executivo cuiabano serão feitos em parcelas bimestrais, da ordem de R$ 5,6 milhões, já a partir deste mês de março, até setembro de 2016.
Já a Prefeitura de Cuiabá deve arcar com R$ 29,9 milhões, somando-se assim o total de R$ 79,6 milhões para o início e conclusão do Pronto-Socorro.
Segundo o prefeito Mauro Mendes, o valor garantido pelo Executivo municipal será de recursos próprios. “Da capital serão todos recursos da Fonte 100, oriundos da arrecadação de IPTU, ISS e outros impostos municipais”, esclareceu o socialista.
No próximo dia 6 de abril a Prefeitura irá abrir o edital de licitação para a escolha da construtora que será responsável pela execução da obra, que na expectativa dos gestores do Estado e Município deve ser concluída em 20 meses.
Questionado pelo Circuito Mato Grosso, o gestor municipal afirmou não temer que sua imagem fique desgastada caso o seu mandato termine antes da conclusão do novo centro de saúde.
“Não estou preocupado com isso, este Pronto-Socorro já deveria ter começado a ser construído há 15 anos. Estou dando os passos seguros, concretos e materialmente exequíveis para colocar a obra de pé. Se vai ficar pronto no meu mandato ou não, isso não importa, e sim que já é uma realidade”, declarou Mauro Mendes.