O governador Mauro Mendes disse, nesta sexta-feira (23), que a PCE (Penitenciária Central do Estado) servia de quartel-general para o crime organizado em Mato Grosso. Ele citou a média de presos reincidentes para ilustrar a organização de facções criminosas a partir a prisão.
“Aquilo era um quartel-general do crime organizado. É preciso coragem das equipes, dos nossos secretários, dos nossos servidores, dos agentes nossos agentes. Do meu lado só bastou uma coisa: pode fazer! [referência à autorização de operação na PCE]. Se não formos capazes de retomar um quarteirão e botar ordem naquilo, como é que eu vou botar ordem no Estado?”
A fala do governador, feita durante evento em Tangará da Serra (240 km de Cuiabá), coaduna com a avaliação já feita pelo Sindspen (Sindicato dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso). O ex-presidente do sindicato, hoje deputado estadual, João Batista (PROS), afirma que presos novatos são, geralmente, aliciados pelos líderes de facções para sobrevivência dentro e fora da penitenciária.
O serviço de proteção durante a prisão seria pago com ações fora aqui coordenadas pelas facções. Além disso, familiares dos presos apadrinhados receberiam auxílio financeiro e de segurança.
“Eles saem da cadeia com encomenda do quê fazer, de que crimes têm que praticar. [E obedecem] porque senão o crime organizado acaba retaliando essas pessoas”, disse Mauro Mendes.
No dia 12 deste mês, a Sesp (Secretaria de Segurança Pública) deflagrou uma operação secreta para combater o crime na PCE. Agentes penitenciários têm recolhido desde então celulares e outros objetos proibidos.
Em junho passado, os agentes encontraram um freezer com vários aparelhos de celulares na prisão. Eles teriam entrado na PCE com auxílio de três policiais militares e membros da diretoria prisão. Sete pessoas foram presas em servidores e civis. Os militares conseguiram liberdade nesta semana da Justiça.