Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a comprar vacinas para Covid-19, o governador do estado ficou em uma situação desconfortável. Ontem (20), Mauro Mendes (DEM) anunciou, depois de se reunir com o general, que Mato Grosso receberia parte do primeiro lote dos 46 milhões de doses da Coronavac, vacina da farmacêutica chinesa Sinovac testada no Brasil pelo Instituto Butantan.
A previsão era de começar a vacinação no estado já em fevereiro, após a chegada das primeiras doses, mas os planos podem ter sido frustrados pois, no Twitter, Bolsonaro respondeu a um seguidor, em letras maiúsculas, que a vacina não será comprada.
A crise em torno da questão não se limita à discussão técnica e Bolsonaro, antes mesmo dos testes, já havia se pronunciado contrário à vacina que vem sendo desenvolvida com o apoio do governo de seu rival, o governador de São Paulo João Dória (PSDB).
Já Mauro, que no dia anterior comemorou a notícia dada por Pazuello, emitiu nota nesta quarta (21) onde afirma defender que o Governo federal lidere esse processo e disponibilize a vacina contra a covid-19 à população. Por meio de nota, o democrata di que o mais importante é "que as vacinas entregues sejam confiáveis e devidamente atestadas pelos órgãos sanitários”.
A distribuição a todos os estados foi anunciada para começar em janeiro e seriam distribuídas outras 15 milhões de doses em fevereiro e mais 40 milhões em junho. Já no segundo semestre do próximo ano, a previsão era de mais 165 milhões de doses da vacina desenvolvida pela empresa AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford e Fiocruz.
De acordo com o ministro Pazuello, os primeiros a receberem as doses seriam os profissionais da Saúde e as pessoas que se enquadram nos grupos de risco. Em seguida, toda a população seria vacinada gratuitamente por meio do Plano Nacional de Imunizações (PNI).
Na manhã de hoje, após a declaração de Bolsonaro, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, afirmou que "não há intenção de compra de vacinas chinesas" contra a Covid-19. "Não houve qualquer compromisso com o governo do estado de São Paulo ou seu governador no sentido de aquisição de vacinas contra Covid-19", disse Franco.
Segundo o secretário, o que houve foi apenas um protocolo de intenção entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, sem caráter vinculante, grande parceiro do MS na produção de vacinas para o Programa Nacional de Imunizações (PNI).