O empresário Mauricio Macri, 56 anos, é o novo presidente da Argentina. Atual prefeito de Buenos Aires, ele é ex-presidente do clube Boca Juniors e líder de uma frente de centro-direita. Macri foi eleito no domingo (22), na primeira vez na história do país em que uma eleição presidencial foi decidida no segundo turno.
Às 23h28 (horário de Brasília), com 89,98% dos votos apurados, Macri tinha 52,21%(11.904.914 votos), e Scioli, 47,79% (10.896.489 votos), segundo a comissão eleitoral.
Às 21h43 (horário de Brasília), com 63,26% dos votos apurados, Macri tinha 53,50% (8.524.551 votos), e Scioli, 46,50% (7.410.389 votos) e o chefe do órgão eleitoral argentino afirmou que a tendência a favor de Macri era irreversível. Por volta das 22h20, Daniel Scioli, telefonou para o adversário e admitiu a derrota, de acordo com o jornal "Clarin". Os dois são amigos de longa data e Scioli afirmou que Macri era um "justo ganhador".
Macri é engenheiro e se apresentou durante a campanha como a "verdadeira mudança". Líder da coalizão "Cambiemos", o novo presidente irá romper um ciclo de 12 anos de presidentes de centro-esquerda, que começou com Néstor Kirchner em 2003 e continuou com sua mulher, Cristina Kirchner, em 2007.
Ele irá assumir a presidência no dia 10 de dezembro deste ano.
Esta é a primeira vitória, desde que se instituiu o voto, em 1916, de um candidato civil que não pertence nem ao partido peronista nem ao radical social-democrata, as duas grandes forças populares, em 100 anos de vida política na Argentina.
Conservador, Macri defende a abertura de investimentos estrangeiros, a diminuição da inflação para um dígito em dois anos e o levantamento dos limites das exportações do setor agropecuário. Também diz que vai criar uma agência nacional contra o crime organizado e desenvolver um sistema de estatísticas criminais.
Acusado de formação de quadrilha em um caso de espionagem ilegal, Macri tentou fazer com que a justiça argentina suspendesse o processo durante a campanha, mas não conseguiu. Filho de um conhecido empresário, sua passagem à política aconteceu também após se tornar uma figura conhecida no âmbito esportivo: foi presidente do Boca Juniors. Durante a campanha, tentou se desprender da imagem de empresário milionário e capitalista.
Veja o que o novo presidente argentino eleito defende em relação a temas-chave:
Eliminará a banda cambial assim que assumir. Propõe abrir a economia. Nega uma 'mega-desvalorização' e diz que o atual governo "já desvalorizou de 3 para 15 pesos", atual preço do dólar no mercado paralelo. Considera que o preço do dólar deve ser fixado "pelo mercado". Afirma que vai liberar as importações e eliminar as retenções sobre as exportações agrícolas, exceto a soja. Promete chegar à "pobreza zero" com crescimento e obras de infraestrutura. Pagará os fundos especulativos para voltar aos mercados financeiros.
Durante a campanha prometeu ampliar os auxílios às famílias e manter os programas sociais. Defende as empresas estatizadas (YPF e Aerolíneas Argentinas) mas votou contra a estatização. Reduzirá o gasto público e eliminará subsídios aos serviços de luz, água e gás.
Promete uma virada na política externa. Buscará retomar as relações com os Estados Unidos e a Europa como prioritárias. Revisará a aproximação com China e Rússia, países que Kirchner converteu em sócios estratégicos. Quer "descongelar" as relações com Grã-Bretanha, abaladas pelo conflito envolvendo as Ilhas Malvinas. Defende o "abandono do eixo bolivariano" e o pedido para que o Mercosul execute a "cláusula democrática" para suspender a Venezuela.
Defende a eliminação dos acordos paritários e a remuneração da produtividade com base nos empregadores. Promete devolver o imposto de renda pago pelos trabalhadores.
Uma vez defendeu "deixar de olhar para trás e acabar com a questão dos direitos humanos", mas na campanha negou terminar com os julgamentos.
Fonte: G1