No dia 7 de dezembro de 2015, o governador de Mato Grosso, Pedro Taques, anunciava, em Paris, durante a Conferência do Clima (COP22), medidas para zerar o desmatamento ilegal no estado até 2020, prevendo a redução de 90% da taxa geral no bioma amazônico e 95% no cerrado, prevista em um pacote de medidas intitulada Estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI). Em 2015, o estado registrou 1.601 km² de desmatamento, segundo o Instituto Espacial de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Hoje, um ano depois, a estimativa de desmatamento em Mato Grosso é de 1.508 km², segundo dados recentes divulgados pelo Inpe. Desse total, 95% foi desmatado ilegalmente, segundo a própria Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT).
Os dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que consideram o período entre agosto de 2015 a julho de 2016, revelaram ainda uma grande ocorrência de desmatamento em áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAR). O desmatamento em imóveis inscritos no CAR foi de 64% (901 km²), sendo 18% (255 km²) em assentamentos e 46% (646 km²) em áreas privadas, totalizando quase 4 mil imóveis rurais. Além disso, grandes e médias propriedades são as que mais desmatam em imóveis cadastrados: 73%. Em Mato Grosso, apenas 10% da área do estado não tem CAR.
Entre os municípios que mais desmatam no estado (quase 30% do total registrado – 397 km²), estão Colniza, com 225 km², Nova Bandeirantes, com 86 km², e Aripuanã, com 85 km². Estes mesmos municípios já figuraram em anos anteriores nesse ranking.
A avaliação é de que, mesmo tendo realizado algumas ações de fiscalização, o governo do estado não implementou, até este momento, o choque de gestão necessário para enfrentar a gravidade da situação, como por exemplo, a utilização de instrumentos inovadores e mais eficientes no combate ao desmatamento, exigidos como compromisso pelos mercados que compram produtos mato-grossenses, além de uma ação mais efetiva junto aos municípios considerados críticos.
“Os dados revelam que o desmatamento em Mato Grosso continua sem combate e com uma ilegalidade inaceitável. O governo do estado precisa toma medidas sérias, rápidas e eficientes para conseguir alcançar a meta que se comprometeu em Paris”, disse Sérgio Guimarães, membro da coordenação do Instituto Centro de Vida (ICV).
Na sexta-feira (9), os membros da Comissão Executiva que está fazendo a revisão do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas (PPCDQ-MT) se reunirão para discutir as ações de comando e controle do âmbito do PPCDQ-MT. A expectativa é que o Plano contemple ações mais efetivas para combate ao desmatamento. (Com Assessoria)