Wellyngton Souza – Da Redação
Com elevação da moeda americana que quase atingiu a casa dos R$ 3,90, a alta do dólar reflete e impacta diretamente na economia de estados no que tange a exportações e importações, como é o caso de Mato Grosso. A soja, carro chefe da exportação no Estado, registrou queda e está abaixo da expectativa de produção e exportação na safra de 2015, conforme dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O Estado apresentou queda de 20,8% no total de exportações do primeiro semestre deste ano, no comparativo com o mesmo período de 2014. No ano anterior, Mato Grosso exportou um total de US$ 10,074 milhões; já em 2015, os números marcaram US$ 7,970 milhões em exportação, de acordo com dados da pesquisa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), cedidos pela Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (FIEMT).
A soja foi responsável por 76% do valor total exportado por Mato Grosso em 2015, ou seja, R$ 6.065 milhões. Já em 2014 a soja representou 79,5% das exportações do Estado, sendo R$ 8.035 milhões, de um total de R$ 10.074 milhões.
Durante os meses de janeiro a julho de 2014, foram movimentados em caixa US$ 8,035 milhões no Estado; em 2015 o valor caiu para pouco mais de US$ 6 milhões. Queda que representa 24,51% em exportação de soja.
Em margem nacional, houve queda significativa na exportação em diversos produtos e, claro, no item mais exportado por Mato grosso, a soja. Neste primeiro semestre foram US$ 19,986 milhões em exportação de soja e US$ 112,862 milhões no valor total. Já em 2014, o País exportou US$ 24,249 milhões em soja, e US$ 133,554 milhões no total, o que significa uma queda de 15,49%, no comparativo do total exportado entre um ano e outro.
Um dos fatores para a redução das exportações, tanto no que se refere ao Brasil, quanto ao Estado, seja em soja ou outros produtos, há insegurança no cenário econômico com a alta do dólar, que pode ter ajudado na retração das exportações. Embora seja negativo para a compra de insumos agrícolas e pesar no bolso dos consumidores, por outro lado, a valorização da moeda americana aumenta a competitividade do Estado para venda de produtos com fabricação própria e auxilia no equilíbrio da balança comercial, segundo o economista especialista em exportação, Vitor Galesso.
“Em contrapartida, o dólar alto facilita as exportações brasileiras, já que os produtos ficam mais baratos para os consumidores estrangeiros. Se a atividade industrial aumentar, geram-se mais empregos. Os produtos importados mais caros podem dar força a itens nacionais”.
O especialista ressalta que a criação de novas indústrias para exportação de outros produtos é uma maneira de contribuir para economia, mesmo em tempo de crise. “Se você tem o que exportar isso gera mais renda, mas é preciso planejamento. A diversificação de produtos fabricados aqui auxiliará na economia. Já o País aumentará o índice do Produto Interno Bruto (PIB)”.
Ao mesmo tempo, a alta do dólar pode pesar no bolso do consumidor, com o aumento da pressão inflacionária e o encarecimento de viagens ao exterior e alguns produtos, como veículos e bebidas. “Pães e biscoitos também podem ficar mais caros, já que a grande parte da farinha de trigo usada no Brasil é importada de Argentina e EUA”, pondera o especialista.
Galesso explica, ainda, que os produtores acabam sendo os mais prejudicados. “A compra de insumos e maquinários geralmente são feitas de fora. O dólar interferiu muito nos planos dos agricultores e o reflexo disso é a queda na produção de grãos”.
Conforme os dados do MDIC, na balança comercial de Mato Grosso, foi registrado aumento de 1,2% no mês de julho de 2015 em comparação com o mesmo mês em 2014, quando foi exportado US$ 1,4 milhão. A queda teria como vilão produtos importados. Na comparativa deste ano, países estrangeiros investiram no Estado US$ 124,367 milhões, já em 2014 o investimento foi de US$ 158,644.
Abril marcou a pior queda em exportação de 2015, com 45,88% de redução, no comparativo com abril de 2014. O valor caiu de US$ 1,951 milhão para US$ 897 mil.
Ranking de Estados
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Mato Grosso está em 4º lugar no ranking de estados que mais exportam mercadorias de janeiro a julho de 2015. Em primeiro lugar está São Paulo, com US$ 26, 572 milhões. Seguindo de Minas Gerais, com US$ 13,047 milhões e Rio de Janeiro, com US$ 10,220. Mato Grosso exportou US$ 7,970.
Entre os países que mais adquiriram produtos em Mato Grosso está China, que só neste primeiro semestre comprou 39,42% da mercadoria que saiu de Mato Grosso. Em segundo lugar está a Indonésia, responsável por 6,31% das compras de produtos no Estado. Depois vem a Holanda, com 5,36% e Tailândia que teve uma participação de 4,59%.
Exportações de MT por blocos econômicos (jan a jul 14/15)
Como analisado anteriormente, Mato Grosso obteve uma queda de 20,8% em exportação. Na análise por continente, a Ásia foi quem mais exportou do Estado (US$ 5.005 milhões) e, mesmo assim, houve queda de 17,24%, se comparado a 2014. Já União Europeia foi responsável por 17,99% das exportações no Estado e apresentou queda de 33,28%, no comparativo com 2014. No Oriente Médio foram os que mais aumentaram a exportaram e registraram aumento de 99,50%, passando de US$ 278 mil em 2014, para US$ 555, em 2015. Países do Mercosul (Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile e Bolívia) aumentaram em 13,07% a compra de mercadorias em Mato Grosso.