Política

‘Mato Grosso parou de gerar prejuízos’, diz Rogério Gallo

Responsável por gerenciar a estrutura financeira do Estado de Mato Grosso, o secretário de Fazenda, Rogério Gallo, acredita que o Estado passou pelo momento mais crítico de sua crise econômica e prevê um possível saldo superavitário no fechamento de 2019. Ele lembrou das pautas polêmicas propostas pelo governo e ressaltou, em entrevista ao jornal A Gazeta, que tais medidas foram responsáveis por tirar Mato Grosso do “sufoco”. Confira a entrevista na íntegra:

O Estado enfrentou várias pautas importantes e polêmicas, como o pacote de medidas de austeridade, decreto de calamidade financeira e para o próximo ano a Reforma da Previdência. Qual dessas votações é responsável por essa virada de chave?
A reversão do quadro fiscal começou em janeiro com a aprovação de 3 leis fundamentais. A Lei de Responsabilidade Fiscal, a lei que regulamentou a Revisão Geral Anual (RGA) e o projeto do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), que garantiu receita. Ao longo do ano a austeridade e o respeito à LRF e às suas determinações fizeram com que chegássemos agora com esse bom resultado. Estancamos o crescimento da despesa obrigatória, sobretudo a despesa com pessoal, isso com a contribuição inclusive dos poderes. 

Foi um conjunto de fatores liderados pelo governador Mauro Mendes em uma agenda muito propositiva, firme e não tendo receio de olhar a repercussão de uma medida. O mais importante é olhar a médio e longo prazos para que não se tenha receio. As medidas tomadas agora podem parecer impopulares, mas são corretas e vão levar o Estado a conseguir fazer politicas públicas, melhorar o serviços, além de pagar o servidor em dia.

O estado não recebeu o Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações (FEX) de 2018 nem de 2019. Ainda há uma esperança desses valores que chegam a quase R$ 800 milhões chegarem aos cofres de Mato Grosso?
É um dinheiro importante para o Estado. Nosso objetivo é que Mato Grosso cobre e receba esses valores. Porém, não tornar o Estado tão dependente desses valores do FEX. É isso que estamos colocando agora no nosso planejamento. Colocar Mato Grosso em uma situação que o FEX não se transforme em algo vital. Ele é importante, mas tem que deixar de ser vital, porque, infelizmente, é um recurso que a União não dá o devido respeito.

O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira) conseguiu arrecadar o que se previa para esse fim de ano, principalmente nesse mutirão? 

Sim, a meta era atingir a arrecadação de R$ 500 milhões e atingimos. O Programa de Recuperação de Créditos do Estado de
Mato Grosso (Refis) foi algo em torno de R$ 150 milhões, tinha uma expectativa maior que acabou se frustrando, mas o
Cira conseguiu confirmar nossas expectativas. Com tudo isso devemos até cumprir o teto de gastos para este ano.

Esses recursos arrecadados nesses mutirões vão para onde?
Já estão sendo aplicados. R$ 150 milhões vão para os municípios, que serão repassados até o dia 26 de dezembro e devem ajudar nas contas das prefeituras. Certamente os prefeitos têm a fazer o pagamento das necessidades do final de ano como o 13º dos servidores. E o Estado também está utilizando. Conseguimos pagar o 13º salário dos servidores e também quitar
fornecedores.

O Estado iniciou o ano com um deficit de 1,6 bi. Como fechará 2019?
É possível que com todas as receitas de dezembro, do Cira, do Refis e pré-sal, tenhamos a possibilidade de fechar com superávit considerando o ano de 2019 inteiro. Entre R$ 200 e R$ 500 milhões de superávit com todos os recursos. Agora, isso
ainda não corrige a situação porque temos muitos passivos e um valor superior a isso. Mas o que é importante é que o Estado parou de gerar prejuízo. Quer dizer que deixou de ter mais despesa que receita. Essa foi a virada de chave fundamental.

Com base nesse cenário financeiro desses esforços e reformas que o Estado realizou em busca de aumentar a arrecadação e diminuir a despesa, é possível ter um cenário financeiro para que a Revisão Geral Anual (RGA) seja paga até o final dessa gestão?
A RGA tem uma regulamentação clara agora que estabelece uma fórmula. Coloca a receita e divide pela despesa, o indicador sempre em abril mostrará se é possível pagar. Se a receita for superior à despesa e houver ali um índice superior, o Estado terá saúde financeira para pagar a RGA. Então chegando abril nós iremos fazer essas contas de forma pública. Se o estado tiver condições, concederá esse reajuste.

A primeira batalha para o ano que vem é a reforma da Previdência e existem alguns pontos polêmicos, como por exemplo uma possível mudança na questão dos aposentados. Além de existir a discussão para se chegar a um fundo único da previdência e aumentar o duodécimo dos poderes para fazer frente ao aumento dessa alíquota. Como está essa engenharia?
Estamos fazendo reuniões periódicas, conversando com os chefes dos poderes e deputados. Já houve reuniões com o Conselho da Previdência. Esperamos fechar a primeira parte dessa reforma nos dias 7, 8 e 9 de janeiro e aquilo que for necessário para algum poder em relação ao duodécimo para fazer frente aos 14% que vai aumentar para o patronal, estamos dialogando com todas as instituições para que seja feito.

O senhor esteve também na Fazenda durante a gestão passada. Existe alguma diferença, principalmente no quesito
relacionamento com a Assembleia Legislativa que é quem aprova os projetos do Executivo?
Acho que talvez tenha o diálogo e a propositura das medidas. A Assembleia, principalmente nesses temas que envolvem
ajustes fiscais, tem que ser provocada e fizemos as provocações legislativas necessárias nas quais os deputados responderam aprovando e estão aí os resultados sendo colhidos. Quem controla a agenda é o executivo, as medidas foram propostas corajosamente pelo governador.

Seu nome é lembrado como possível candidato a Prefeitura de Cuiabá, principalmente por líderes do DEM. Existe esse desejo da sua parte?
Não sou filiado. Fico feliz com a menção do meu nome, mas estou muito focado com o trabalho na secretaria. Não passa nem pela minha cabeça essa possibilidade.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões