Mato Grosso possui o terceiro pior índice do Brasil em mortalidade no trânsito com 33,2 vítimas fatais a cada 100 mil habitantes, o que corresponde a 1.085 mortos, ficando atrás apenas dos estados do Tocantins (37,2) e Piauí (36,8). Do total de óbitos, 47% correspondem a motociclistas, 32% a motoristas e 10% a pedestres. Ônibus, caminhões e ciclistas integram os 11% restantes. Os números são do Retrato da Segurança Viária 2017, pesquisa desenvolvida pela Ambev em parceria com a consultoria Falconi.
Os dados são de 2015 e mostram ainda que o estado possui um, entre os dez municípios com maior índice de óbitos por 100 mil habitantes, sendo Diamantino (208 km da Capital) em sétimo lugar, com um índice de 85,5. Apesar dos dados alarmantes, o cenário apresenta melhora: na comparação anual com 2014, o total de falecimentos no estado, em decorrência de acidentes de trânsito, caiu 10%. Quanto ao número de feridos no trânsito, em 2015 Mato Grosso registrou 5.332 vítimas, sendo o líder neste quesito na região Centro-Oeste quando se trata da média a cada 100 mil habitantes, com um índice de 187,5.
O histórico aponta que, entre 2004 e 2015, o maior índice de mortes a cada 100 mil habitantes no Estado foi registrado em 2013, com 38,4. Já a linha cronológica dos feridos, indica uma crescente constante, sendo registrados 1.294 feridos em 2004 e 5.332 em 2015. Com esses números, os gastos são altos, chegando a R$ 520 milhões com mortos e feridos no trânsito, de acordo com o levantamento.
Destaques Retrato da Segurança Viária 2017 traz ainda ranking das três piores e melhores cidades, em se tratando de índice de mortes e feridos no trânsito a cada 100 mil habitantes. Em Mato Grosso, o município de Diamantino lidera com 85,45, seguido de Sorriso com 62,27 e Cáceres 61,87. Já as cidades com melhores índices no Estado são Mirassol d’Oeste com 11,38, Guarantã do Norte com 11,79 e Paranatinga com 14,28.
De acordo com a prefeita de Mirassol D’Oeste, Marinez de Campos, o resultado positivo se deve ao investimento, tanto em campanhas educativas como na estrutura das vias e sinalização. “Nossa Coordenadora de Trânsito tem feito um excelente trabalho, que já é reconhecido até mesmo pela própria população. Entendemos que a modificação vem diante da intensificação nos projetos que trabalham o comportamento do ser humano e investimos nisso”.
O coordenador de Trânsito de Aroldo Greve explica que a cada seis meses o Executivo revitaliza a sinalização da cidade e realiza constante manutenção nas ruas e avenidas. “Não podemos cobrar dos condutores e pedestres se não estivermos cumprindo o nosso papel como administradores. Trabalhar com a conscientização de crianças também é algo que fortalece a campanha educativa em se tratando do trânsito”.
Greve enfatiza que os trabalhos neste sentido continuarão, com o objetivo de reduzir ainda mais o índice de mortes e feridos no trânsito da cidade. Foram tentados contatos com a Prefeitura de Diamantino para comentar sobre o pior índice do Estado em se tratando de mortes e feridos no trânsito, mas não houve retorno.
Para o secretário de Mobilidade Urbana de Cuiabá (Semob), Antenor Figueiredo, os números alarmantes são reflexo da imprudência dos condutores. O resultado da irresponsabilidade no trânsito, segundo o gestor, resulta em mortes violentas, pessoas mutiladas ou lesionadas permanentemente. “Nós vemos um trânsito composto por pessoas que não se preocupam com a vida própria e muito menos a alheia. As imprudências podem ser observadas, tanto dentro do perímetro urbano, quanto nas vias estaduais e federais, o que é lamentável”.
Figueiredo enfatiza que pequenas atitudes, como ligar a seta do veículo, respeitar a faixa de pedestre e a sinalização, fazem grande diferença. “Se todos nós respeitássemos a legislação de trânsito, não teríamos tantos óbitos e pessoas feridas gravemente. Um trânsito bom depende de todos nós, mas, muitos não entendem essa lógica”. Apesar dos altos números, Antenor acredita que na Capital houve uma leve redução no número de acidentes graves. Ele enfatiza que o cenário poderia ser melhor se a administração municipal contasse com maior efetivo e estrutura de trabalho.
“Em Cuiabá temos um frota de 450 mil veículos e apenas 170 agentes de trânsito, quando o estimado seria um agente a cada 100 veículos. Ou seja, estamos com uma defasagem de mais de 150% e isso dificulta o desenvolvimento de bom trabalho”. Ainda assim, o gestor da Semob também destaca ações positivas que têm dado bons resultados positivos. “Projetos como Agentes Mirins e Faixa Cidadã são exemplos de que a conscientização e educação ainda é o melhor caminho. Vejo crianças chamando a atenção dos pais quando estes fazem algo errado no trânsito e muitos motoristas parando quando vê um pedestre colocando o pé na faixa, coisas raras há algum tempo”.