Mato Grosso, principal produtor agrícola do país, segue fortemente dependente da importação de fertilizantes. Somente em julho, o estado trouxe de fora 617 mil toneladas do insumo, o que representou US$ 161,5 milhões em movimentação, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Diante desse cenário, Cuiabá será palco de dois eventos que vão debater caminhos para diminuir essa vulnerabilidade: o Workshop Agrominerais e a Política de Fertilizantes do Brasil e o XVIII GEO Políticas: O Setor Mineral e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Os encontros acontecem de 1º a 3 de setembro na sede da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), em formato presencial e com transmissão on-line. A programação reunirá pesquisadores, especialistas e representantes do setor produtivo para discutir soluções que integrem agricultura, mineração e indústria química. A realização é da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), com apoio de entidades regionais, UFMT e Ministério da Agricultura e Pecuária.
Entre os temas centrais está o uso de agrominerais, conhecidos como pó de rocha, como alternativa viável para reduzir a dependência externa. O pesquisador da Embrapa Cerrados, Eder Martins, destaca que o Brasil possui recursos minerais e agrícolas que podem ser combinados. “É de grande importância alinhar essas duas vocações por meio dos agrominerais regionais, que originam remineralizadores de solo e fertilizantes derivados de rochas, fundamentais para o manejo da fertilidade”, afirma.
Para o presidente da Febrageo e professor da UFMT, Caiubi Kuhn, o debate é urgente, já que cerca de um terço do custo da produção agrícola está atrelado à compra de fertilizantes. Ele defende a ampliação de pesquisas e investimentos em tecnologias capazes de fortalecer a agricultura nacional. A deputada estadual Sheila Klener, presidente da AGEMAT, reforça o papel estratégico do evento. “Queremos promover a inovação e explorar fontes alternativas, nacionais ou regionais, gerando cadeias produtivas internas”, disse.
As inscrições são gratuitas e limitadas, podendo ser feitas on-line. Entre os confirmados estão representantes da Embrapa, Ministério da Agricultura, Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A expectativa é que o encontro contribua para a construção de soluções sustentáveis e de longo prazo para reduzir a dependência do Brasil de insumos importados.