Agronegócio

Mato Grosso detém 25,3% da safra nacional 2016/2017

A segunda estimativa de 2017 para a safra nacional de cereais leguminosas e oleaginosas totalizou, segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 230,3 milhões, 25,1% maior que em 2016 (184 milhões de toneladas).

A estimativa de produção de fevereiro a março aumentou em 2,7% e a área plantada em 0,6%. A região Centro-Oeste contribuiu com em 43% da produção nacional e Mato Grosso liderou como o maior produtor: 25,3%, seguido pelo Paraná (18,3%) e o Rio Grande do Sul (14,8), que somados representaram 58,4% do total nacional previsto.

Todos os municípios do Estado foram visitados para a realização do levantamento. Os produtos investigados foram: algodão, amendoim, arroz, aveia, centeio, cevada, feijão, girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trigo e triticale.

O milho, a soja e o arroz são os três principais produtos deste grupo, que, somados, representaram 93,5% da produção e responderam por 87,7% da área a ser colhida; 15,9% para a soja, 13,9% para o arroz e 45,8% para o milho. Em relação ao ano anterior, houve acréscimo de 2,5% na área da soja, de 14,8% na área do milho e de 3,9% na área do arroz.

Carlos Alfredo Guedes, da Coordenação de Agropecuária do IBGE, explicou que o principal motivo para o aumento da produtividade foi o “clima muito bom”. Houve falta de chuva em vários Estados em 2016, mas neste ano, segundo o técnico agropecuário, a maioria dos Estados produtores está sendo abençoada pelas chuvas.

“Uma das explicações para esse aumento todo é o clima muito bom. Desde a época do plantio em outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março. Então desde o ano passado nós viemos tendo chuvas bem distribuídas nos principais estados produtores. Não faltou chuva neste ano para as culturas”, ressaltou.

Os investimentos dos produtores também nas áreas de tecnologia para cada tipo de cultura colaboraram para os resultados. “Em sua maioria, as culturas são caras para você produzir, mas os produtores estão tendo todo o cuidado e estão fazendo todo um investimento sobre elas”, destacou Guedes.

O levantamento Sistemático da Produção Agrícola foi apresentado à imprensa na terça-feira (11), na unidade do IBGE em Cuiabá. Essa foi a primeira vez que os dados foram apresentados fora da sede no Rio de Janeiro.

Soja registra 30,9 milhões de toneladas

Mato Grosso já garantiu a supersafra 2017 com 30.951.445 de toneladas. A leguminosa foi plantada dentro da época recomendada e as chuvas no início do ciclo contribuíram para o recorde registrado. Foram encontrados cerca de 150.000 ha a mais do que em janeiro, resultando em um aumento de 3,16% em relação à safra 2015/2016.

Os municípios que mais incrementaram as áreas de plantio foram Tapurah, Campo Verde, Primavera do Leste, Porto dos Gaúchos e Pedra Preta, totalizando quase 80.000 ha de crescimento.

A variação no Estado já chega a 17,8%, um ganho muito expressivo de produção, ultrapassando a barreira de 30 milhões de toneladas. Este ano de 2017 se mostra excelente para a produção de grãos, principalmente soja e milho, segundo Carlos Alfredo Guedes, do IBGE.

“No caso da soja, já está garantido esse recorde de produção. No caso do milho, a gente tem que aguardar um pouquinho mais, porque ainda tem um espaço muito grande para a produção. Mas tudo leva a crer, até o momento, que teremos uma safra recorde”, informou.

De acordo com o boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o preço da saca neste último mês está saindo a R$ 53,86. Porém, o preço médio ponderado (PMP) da safra 16/17 registrou média de R$ 65,87/sc, sendo este valor superior ao do mesmo período do ano passado.

Área do milho se recupera e produção bate 23 milhões de toneladas

Neste levantamento mostrou-se a recuperação das áreas de milho 1ª safra e do milho de pipoca. O milho de pipoca praticamente dobrou de área prevista em relação ao segundo prognóstico. A área plantada ultrapassou 4 milhões de hectares e a produtividade também aumentou em 23 milhões de toneladas no Estado.

A produção nacional de milho em 2017 deve alcançar valores representativos, atingindo em março uma estimativa de 92.370.829 toneladas, aumento de 4,4% em relação ao levantado em fevereiro.

Os municípios de maior incremento foram: Sorriso, Nova Ubiratã, Querência, Sinop, Nova Mutum e Diamantino. Segundo informações do levantamento, se continuar a chover regularmente até 15, 20 de abril, praticamente todo o milho plantado será colhido com excelente produtividade.

A produtividade esperada na região varia entre 87 sacas e 95 sacas por hectare. O preço é que não anda agradando os produtores. A variação registou R$ 14,00 e 15,50 a saca, muito aquém do que os produtores esperavam.

“A área plantada de milho este ano cresceu muito acima do crescimento que vínhamos observando ao longo dos anos. Então o incremento da área de milho plantado em cima da área de soja teve uma maior porcentagem de soja e milho”, explicou o supervisor de pesquisa agropecuária do IBGE de MT, Elton Fior.

A produção de milho 2ª safra aumentou 6% frente ao mês anterior, estimada em 62.128.890 toneladas, o que representa 67,3% da produção nacional em 2017.

A estimativa de produção no Mato Grosso, maior produtor do milho safrinha com 38,7% da produção nacional, deve totalizar 24.074.228 toneladas, influenciada principalmente por um acréscimo de 10,3% na área a ser colhida.

Supersafra deixa produtor preocupado

Os números não mentem. O Brasil e Mato Grosso são recordistas na produção, mas será que o panorama está tão bom assim para os produtores? Apesar da supersafra recorde este ano, Emerson Zancanaro, coordenador da Comissão de Política Agrícola da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), afirma que os produtores estão preocupados.

O motivo, segundo explicou Zancanaro ao Circuito Mato Grosso, é a falta de armazenamento para o milho. Cerca de 30% da soja ainda não foi vendida e está estocada nas fazendas e armazéns, e apenas 40% do milho foram vendidos por enquanto.

 “No momento em que nós iniciarmos a colheita, nós teremos uma sobreposição de logística dentro do Estado. Nós teremos maio, junho e julho para vender toda essa soja estocada e toda essa supersafra do milho para entrar. Então essa supersafra que está acontecendo pode não se resumir em lucro para o produtor”.

Porém, Zancanaro afirma que isso não quer dizer que a supersafra recorde registrada não seja boa. Ela irá influenciar principalmente a economia dos municípios e do Estado. “Vamos ter mais arrecadação do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), mais arrecadação de impostos, a economia vai melhorar”, expôs.

A tendência agora para o produtor de milho é se equipar com mais armazenagem, com silos-bolsa para armazenar a céu aberto, sugeriu o coordenador da Aprosoja. “Ele [produtor] tem que segurar o milho mais tempo no campo para que ele consiga até ter uma melhora no preço. A verdade é que a gente produz muito mais do que a gente consome”.

Estados Unidos

Zancanaro avalia que o produtor não precisa nem irá deixar de plantar grãos, porém estão acontecendo problemas estratégicos. Neste caso da supersafra, ele estima que a área plantada poderia ter sido menor, assim como fizeram os Estados Unidos.

“Sabendo que havia uma expectativa de estoques mundiais altos, o produtor poderia ter diminuído a área de plantio. Foi isso que os Estados Unidos fizeram, eles viram que teriam uma supersafra de milho e diminuíram a área e estão plantando mais soja. Esse ainda é um aprendizado que o produtor mato-grossense precisaria ter. Uma posição estratégica de mercado, o planejamento estratégico da safra como um todo”, comenta.

Estimativa nacional de março para a safra 2017

No Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de março destacaram-se as variações nas seguintes estimativas de produção, comparativamente ao mês de fevereiro: cevada (6,7%), milho 2ª safra (6,0%), café canephora (4,8%), arroz (2,5%), cebola (2,4%), soja (2,3%), sorgo (1,7%), milho 1ª safra (1,4%), aveia (-1,0%), feijão 1ª safra (-1,2%) e trigo (-10,5%).

ARROZ (em casca) – A estimativa de março foi de uma área a ser colhida de 2.014.307 hectares, aguardando uma produção de 12.053.519 toneladas e um rendimento médio de 5.984 kg/ha, maiores, respectivamente, em 1,9%, 2,5% e 0,6%, quando comparados aos dados do mês anterior. O GCEA/RS estima para o Rio Grande do Sul, maior produtor do país, com 70,9% do total nacional, uma produção de 8.540.078 toneladas, numa área a ser colhida de 1.102.346 hectares e um rendimento médio esperado de 7.747 kg/ha.

CAFÉ (em grão) – A estimativa da produção do canephora (conilon) alcança 566.315 toneladas, ou 9,4 milhões de sacas de 60 kg, aumento de 4,8% frente a fevereiro. Embora a área a ser colhida tenha reduzido em 0,7%, o rendimento médio aumentou 5,5%, influenciado pelo bom desenvolvimento das lavouras em Rondônia, segundo maior produtor do país. O Espírito Santo é maior produtor do país e responsável por 59,9% do total previsto para 2017. A estimativa da produção total de café do país, somadas as espécies canephora e arábica, é de 2.735.797 toneladas, ou 45,6 milhões de sacas de 60 kg, aumento de 1,5% frente ao mês anterior. A estimativa da produção do café arábica alcança 2.169.482 toneladas, ou 36,2 milhões de sacas, aumento de 0,7% frente ao mês anterior.

FEIJÃO 1ª safra – A 1ª safra de feijão está estimada em 1.563.497 toneladas. A redução frente à estimativa de fevereiro reflete a queda de 1,3% na estimativa do rendimento médio, apesar de a área colhida estar 0,2% superior. A diminuição na expectativa de produção da 1ª safra de feijão deve-se, principalmente, às reduções de 7,8% na Bahia e de 5,2% em Minas Gerais, respectivamente. A estimativa de produção de feijão total recuou 0,5% em março, contudo a expectativa é para uma produção de 3.368.982 toneladas, 31,0% superior ao colhido em 2016.

SORGO (em grão) – A estimativa da produção do sorgo em 2017 é de 1.931.044 toneladas, aumento de 1,7% frente ao mês anterior. Para a área plantada e o rendimento médio, também foram estimados aumentos de 0,5% e 1,3%, respectivamente. Goiás, maior produtor, com participação de 44,4% do total a ser produzido pelo país, reduziu sua estimativa de área plantada em 0,1%, mas com previsão de aumento no rendimento médio de 2,6%. Assim, sua produção foi estimada com um aumento 2,5% em relação ao mês anterior. A produção estadual deve alcançar 857.645 toneladas.

Estimativa de março em relação à produção de 2016

Dentre os 26 principais produtos, quinze apresentaram variação percentual positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior: algodão herbáceo em caroço (7,3%), amendoim em casca 2ª safra (35,7%), arroz em casca (13,9%), batata-inglesa 1ª safra (5,9%), batata-inglesa 2ª safra (5,2%), cacau em amêndoa (10,0%), café em grão – canephora (20,9%), cebola (2,6%), feijão em grão 1ª safra (38,5%), feijão em grão 2ª safra (37,7%), milho em grão 1ª safra (24,4%), milho em grão 2ª safra (59,2%), soja em grão (15,9%), sorgo em grão (65,2%) e triticale em grão (11,9%).

Com variação negativa foram onze produtos: amendoim em casca 1ª safra (-2,4%), aveia em grão (-21,3%), batata-inglesa 3ª safra (-16,1%), café em grão – arábica (-16,1%), cana-de-açúcar (-1,2%), cevada em grão (-5,1%), feijão em grão 3ª safra (-0,5%), laranja (-7,3%), mamona em baga (-45,9%), mandioca (-12,6%) e trigo em grão (-13,8%).

Catia Alves

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