Em artigo publicado em seu blog neste domingo, Marina diz que “não é por mera coincidência que, um ano antes da eleição, a mesma Dilma que promulgou as mudanças no Código Florestal que favorecem o desmatamento tenha incorporado o desenvolvimento sustentável ao seu discurso”.
Marina diz que marca do governo Dilma é de retrocesso
No texto, intitulado “Não é mera coincidência”, a ex-senadora diz que “a forte incidência da agenda da sustentabilidade no cenário político levou a presidente Dilma a anunciar na quinta-feira (17 de outubro) o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica”.
— A iniciativa, que prevê a destinação, em três anos, de R$ 8,8 bilhões para esse tipo de produção de alimentos, merece todo apoio dada a relevância para a agricultura familiar (75 mil famílias deverão ser favorecidas. O Plano foi criado em 2012, quando a própria presidente assinou decreto para que fosse executado. Até agora, estava engavetado.
Segundo a ex-senadora, “situação semelhante se observou no final de 2009, durante a Conferência de Mudanças Climáticas da ONU, em Copenhague, quando a então ministra da Casa Civil, já apontada como pré-candidata de Lula a sua sucessão, liderou a delegação brasileira”.
— O núcleo político-estratégico do governo se mostrava refratário (alguns de seus integrantes até eram contrários) ao estabelecimento de metas para o Brasil reduzir suas emissões de CO2. Na capital dinamarquesa, a presidenciável chegou a dizer que metas eram para países ricos.
Marina lembra, então, que “o posicionamento gerou forte reação da comunidade científica, de setores do empresariado e do movimento ambientalista. Ao mesmo tempo, o governo de São Paulo, sob o comando do tucano José Serra (tido como principal adversário em 2010), lançava o programa estadual de redução de 20% da emissão de gases efeito estufa”.
De acordo com a nova aliada do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), “frente ao risco de desgaste político gerado pela resistência de Dilma e com o temor de seu impacto eleitoral, o próprio Lula se deslocou a Copenhague e interveio para que a delegação brasileira fizesse a revisão de sua diretiva”.
— Dilma, então, passou a ser favorável à adoção de uma meta de redução de 36,1% a 38,9% das emissões previstas para 2020.
A ex-ministra do Meio Ambiente finaliza o texto dizendo que “esses dois eventos, o de Copenhague e o do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, revelam o quanto ideias fortemente alicerçadas em representatividade e legitimidade social podem fazer com que agendas político-eleitorais até então distantes dessas linhas programáticas se esforcem para incorporá-las ao seu repertório”.
Desde que se filiou ao PSB, no início do mês, Marina Silva aumentou o tom das críticas à presidente Dilma e seu governo. A expectativa é de que ela componha chapa de oposição ao Palácio do Planalto com Eduardo Campos em 2014.
R7