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Marido diz mulher foi espancada por causa de boato em rede social

 
De acordo com Jaílson, a página se confundiu ao colocar uma foto de Fabiane em seu perfil e isso motivou as agressões.Começou com um boato na internet. Eles colocaram uma foto de uma pessoa parecida e todo mundo achou que era ela. Quando ela voltou para o bairro, a cercaram e começaram as agressões, explica.
 
Sobre os agressores, Jaílson espera que a polícia identifique os criminosos por meio dos vários vídeos que foram gravados.Quero que a Justiça seja feita. Cabe a polícia investigar. Eu não vi ninguém que eu conheço batendo nela. Vamos esperar as investigações e, acredito, os culpados serão punidos, comenta.
 
Após as agressões, várias pessoas se revoltaram pelas redes sociais afirmando que Fabiane é portadora de transtorno bipolar e que jamais fez mal a crianças. Jaílson confirmou o tratamento e afirma que a esposa não é agressiva.Esse transtorno dela não é algo que a deixe agressiva. Ela é super tranquila e tomas os remédios dela para minimizar os efeitos, afirma.De acordo com informações da polícia, o caso, que aconteceu no bairro Morrinhos, está sendo investigado em sigilo e novas informações só serão divulgadas durante esta segunda-feira (5). A polícia está analisando as imagens da agressão e busca identificar os envolvidos no caso.
 
O caso também gerou revolta por parte dos amigos de Fabiane. Uma das vizinhas da vítima, que preferiu não se identificar, diz que nunca viu nenhum comportamento agressivo por parte da agredida.Nunca vi ela agressiva com ninguém, nem com as próprias filhas. As pessoas acreditam em tudo e acaba acontecendo uma tragédia. Eu não estava lá no momento do espancamento, mas se estivesse, defenderia ela imediatamente, diz.
 
Advogado acusa página de rede social
O advogado da vítima, Airton Cinto, foi até a casa da família neste domingo (4). Segundo ele, Fabiane é uma dona de casa que tem dois filhos. O advogado diz que Fabiane estava andando na rua quando começou a ser agredida. Algumas pessoas teriam visto, na página Guarujá Alerta, hospedada no Facebook, o retrato falado de uma mulher que estaria sequestrando crianças em Guarujá e pensaram que se tratava de Fabiane.Ela foi espancada porque acharam que ela era uma pessoa de uma foto. Amarraram ela, arrastaram ela, levaram até o Morrinhos 4 e espancaram ela violentamente. Deixaram ela no mangue. A Polícia Militar preservou o corpo achando que ela estava morta, afirma. Segundo ele, Fabiane não teve tempo de se defender das acusações e agressões.
 
O advogado comenta que o autor da página na internet ainda não foi identificado, mas entende que o site foi responsável pelo crime.Ele divulgou que tinha uma mulher que supostamente sequestrava crianças e criou uma comoção do bairro. Nós vamos responsabilizar o site por isso. Vamos pedir a quebra do IP. Vou solicitar a prisão temporária dele e de todos que foram identificados nos vídeos, garante o advogado.Airton deve ir até a delegacia na manhã desta segunda-feira (5) para solicitar os vídeos feitos por moradores no momento das agressões a Fabiane.Vamos investigar junto com o delegado. Vou para o hospital e depois para a delegacia. A situação dela é gravíssima. Foi uma barbárie cometida por uma injustiça, lamenta.
 
O G1 entrou em contato com o Guarujá Alerta, página responsável pela divulgação do material. Segundo os administradores da página, o Guarujá Alerta sempre alertou os seguidores de que a situação era apenas um boato. A página assume que publicou um retrato falado semelhante ao da vítima, foto que foi removida algumas horas depois. Os administradores afirmam que a página vem sendo alvo de perseguição política, já que faz graves denúncias sobre a cidade. O Guarujá Alerta afirma ainda que está aberto para qualquer esclarecimento judicial e se compromete a pedir uma perícia técnica para comprovar que nada foi apagado da página do Facebook.
 
Dados
Segundo um levantamento feito pela reportagem do G1, a maioria dos espancamentos de suspeitos não vira inquérito policial. Em 2014, foram registrados 22 casos de 'justiçamento' em reportagens veiculadas no G1.
 
O caso
O espancamento aconteceu no bairro Morrinhos, em Guarujá, no litoral de São Paulo, no início da noite de sábado (3). A mulher foi amarrada e agredida e, segundo testemunhas que acompanharam a agressão, os moradores afirmavam que a mulher havia sequestrado uma criança para realizar trabalhos de magia negra.
 
Ela foi encaminhada com vida para o Hospital Santo Amaro, em Guarujá. A polícia chegou a confirmar a morte da vítima, mas a informação foi corrigida pelo hospital algumas horas depois. O caso foi registrado na Delegacia Sede de Guarujá, onde será investigado. Até o momento, ninguém foi preso.
 
G1

Redação

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