Opinião

MARIANA: HISTÓRIA DE AMOR NA SERRA DE RICARDO FRANCO

A Serra de Ricardo Franco tem histórias de amor e guerra  que datam do século XVIII. Localizada no município de Vila Bela da Santíssima Trindade, em 1997 tornou-se Parque Estadual, com 158.620 hectares. A área abriga cachoeiras e piscinas de águas límpidas, vales e cobertura vegetal composta pela floresta Amazônica, Cerrado e Pantanal. Nesse espaço encontram-se algumas espécies da flora ainda desconhecidas da botânica ocidental.

Do outro lado do Brasil, na Bolívia, o Parque Nacional Noel Kempff estende-se por uma área de 1.523.446 hectares, com uma paisagem contínua à brasileira, a desconhecer a linha fronteiriça que divide os dois países. Seu nome faz homenagem ao professor Noel Kempff Mercado, estudioso que propiciou notáveis descobertas na região. Em 2000, o parque boliviano foi declarado pela Unesco Patrimônio Mundial, ao contrário do parque brasileiro que continua com inúmeros problemas fundiários, a sofrer ações antrópicas e à mercê de políticas de dimenções extremamente danosas.

A região do Parque Estadual Ricardo Franco, antes da invasão portuguesa em território indígena Saraveca, “cujo idioma era semelhante aos Paresi, compunha um corredor cultural Aruak com os Paikoneca, Paunaca e Moxo até os Andes. Ocupavam a faixa setentrional da Serra de Santa Bárbara até a Serra Ricardo Franco”, conforme estudos do indigenista José Eduardo Costa.

O nome Ricardo Franco faz reverência ao militar português Ricardo Franco de Almeida Serra, que chegou ao Brasil em 1780 e se ocupou, de início, em mapear as capitanias do Grão-Pará, Piauí, São José do Rio Negro e Mato Grosso. De acordo com Octaviano Cabral, “executava a mão, a nanquim e à aquarela nos intervalos das entradas que fazia seguidamente aos sertões”. São inúmeras as ações empreendidas pelo militar, inclusa sua atuação à frente da defesa do território português contra forças espanholas.

Ricardo Franco de Almeida Serra uniu-se a Mariana, uma indígena que uns dizem ser Guaikuru, outros Guaná. Com ela teve filhos. No leito de morte, no Forte Coimbra, a reconheceu como esposa.

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

Você também pode se interessar

Opinião

Dos Pampas ao Chaco

E, assim, retorno  à querência, campeando recuerdos como diz amúsica da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul.
Opinião

Um caminho para o sucesso

Os ambientes de trabalho estão cheios de “puxa-sacos”, que acreditam que quem nos promove na carreira é o dono do