“Não dá pra ficar esperando El Rey”, alerta José Antonio Lemos dos Santos, arquiteto e urbanista, professor universitário em Cuiabá, ao apontar a lentidão das obras, especialmente a do Aeroporto Marechal Rondon. Ele lembra que quando da preparação para a Copa, um dos grandes temores era de que as obras que não fossem concluídas a tempo do grande evento jamais ficassem prontas depois. “Um temor procedente e que seria real caso a gente mato-grossense fosse composta apenas de bobós-lelés”.
Mas não, acrescentou o especialista, apesar de sua excessiva boa-fé e timidez na reivindicação de seus direitos, o mato-grossense, incluso o cuiabano, é um povo inteligente, produtivo e lutador, que fez de seu estado o maior produtor agropecuário do país e um dos maiores do mundo, apesar de sempre tão abandonado pelos governos, em especial o federal.
“Entretanto, há sinais preocupantes, pois, passada o grande dinamismo nas obras nos últimos meses precedentes à Copa, elas hoje estão praticamente paradas, com exceção das ligadas ao VLT, ainda que em ritmo lento”, detalha, ressaltando o fato de que os gestores seguem falando em ajustes de cronogramas, acertos dos turnos extraordinários de trabalho, dentre outros, e que o governador continua garantindo que tudo estará pronto ao final de seu governo.
Quanto à complexidade e importância das intervenções, o assunto não pode ser deixado apenas a cargo do governo estadual, de acordo com o especialista, porque a maioria das obras envolve também o governo federal e até o municipal. “Será preciso muito protesto e muita cobrança organizada da população, aproveitando que o pós-Copa ainda interessa à imprensa mundial”, observou o arquiteto.
E ele chamou ainda a atenção para um fato: “a história vem ensinando dolorosamente ao mato-grossense, e muito especialmente ao cuiabano, que não dá para ficar só esperando El-Rey, não só porque ele já era, como também porque seus sucessores têm pouco ou nenhum compromisso com o interesse público”.
E se o Mundial já passou e as obras não ficaram prontas, José Lemos aponta um caminho: “Antes, a Copa forçava a conclusão das obras. Agora, só nos resta a cobrança eficiente e as armas que temos são o protesto organizado e o voto”.