Cidades

Manifestantes pedem mais investimento em ciclovias

O estudante Attilio Zolin, de 21 anos, contou que tem um automóvel há três anos, mas mesmo assim prefere ir de bicicleta para a faculdade. Ele afirmou que um dos motivos da troca do carro pelos pedais é o trânsito caótico gerado pelas obras na cidade. 
 
Para ele nem o calor nem a poeira, comuns no atual período do ano, são problemas para se andar de bicicleta na Capital e sim a falta de alternativas e educação no trânsito. “O difícil é ter que atravessar as vias e disputar espaço com carros e um ônibus de 10 toneladas, além de encarar um caminho cheio de buracos e ondulações”. 
 
Segundo o estudante, o problema seria amenizado com a construção de ciclovias, mas a educação também precisa ser revista. “No Rio de Janeiro, o respeito é muito maior, parece que a cidade já se acostumou com os ciclistas, até na região central existem ciclovias e não somente nas grandes avenidas”. 
 
De acordo com o Instituto Maplink, empresa especializada em cobertura de trânsito em tempo real, mesmo sendo menor em população e número de veículos, Cuiabá é campeã em engarrafamentos no Centro-Oeste. Nos horários de pico, Brasília, Campo Grande e Goiânia, juntas, somam 72 km de lentidão, enquanto a Capital mato-grossense atinge 77 km. 
 
Para a publicitária Malu Brandão, de 39 anos, uma das líderes do movimento de massa crítica Ciclovia Já, o caos no trânsito é um dos fatores para a adesão cada vez maior da bicicleta como meio de transporte. 
 
Contudo, o medo ainda é um dos fatores que atrapalham o desenvolvimento da atividade. “O medo do tráfego é uma das principais razões para as pessoas não andarem de bicicleta. Mas, estatisticamente, andar de bicicleta é mais seguro do que dirigir, e usando um capacete faz com que seja ainda mais.” 
 
Segundo levantamento do instituto Aislyn Greene, uma em cada seis pessoas morre em um acidente de moto. Uma em cada 11 morre em um acidente de carro. 
 
Para as bicicletas, os números são bem mais amenos e mostram que um em 68 morre andando de bicicleta, porém se ele usar capacete a estatística cai para 1/342. 
 
Malu afirmou que as grandes cidades costumam carregar a dificuldade por não terem sido planejadas, porém um dos entraves da questão é o poder público, que insiste em não pensar em meios alternativos de locomoção. “Não entendemos porque eles iniciaram as obras sem a inserção do plano de mobilidade, dando prioridade apenas para os carros. Na região central estão começando a priorizar os ônibus, mas e os ciclistas? Como eles ficam agora?”. 
 
Ela disse que a bicicleta não é apenas um esporte ou hobby, mas é o único transporte de boa parte da população e as faltas de políticas públicas excluem esta parcela. 
 
Ela explicou que além das ciclovias outras saídas são possíveis, como a implantação de ciclofaixas e ciclorotas. As alternativas melhorariam o transporte e trariam mais qualidade de vida para a população, tanto para os ciclistas, quanto para os motoristas. 
 
De acordo com a Prefeitura Municipal de Cuiabá, não há nenhum projeto aprovado ou em andamento para a criação de ciclovias e ciclofaixais. 
 
“O mundial sem carro é para conscientizar as pessoas de que a bicicleta é bem vinda, mas será muito mais se o poder público ajudar. Ela não é a solução completa para o caos do trânsito, mas é uma boa parte desta solução”, finalizou Malu. 
 
 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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