Moradores da cidade de Sorriso (396 km de Cuiabá) fecharam a BR-163 na tarde desta quinta-feira (25) para pedir que o Governo do Estado não feche o Hospital Regional. A palavra de ordem era “Governador, cadê você? Não vai deixar o Hospital Regional morrer”. O hospital atende a quase 500 mil moradores de 15 municípios do Médio Norte.
O Governo pagou R$ 2 milhões de uma dívida de aproximadamente R$ 9 milhões. A situação é preocupante já que o atendimento no hospital está suspenso desde março deste ano. Com o manifesto a rodovia ficou congestionada nos dois sentidos, com pelo menos 3km de veículos parado enquanto o ato acontecia.
A situação do hospital ganhou destaque após o médico Roberto Satoshi fazer um desabafo emocionado, confessando temer pela morte de pacientes. O desespero era tanto, que os pacientes tinham que ser transferidos pela falta de alguns materiais que podem culminar na morte deles.
A informação era de que os pacientes que desentendiam de oxigênio, das UTIs adulto e Neonatal, precisavam ser transferidos via Central Estadual de Regulações, para os Hospitais que possam recebê-los. "O problema é que há situações de pacientes que não têm condições nem para serem transferidos. Mas esperamos que o problema se resolva, antes dos danos serem maiores".
Roberto Satoshi explicou que os alimentos estavam no fim e que até esta sexta-feira (26), no máximo, os gases medicinais chegarão ao fim. A unidade está sem condições de manter os atendimentos, mesmo apenas os casos de urgência e emergência.
MPE pede bloqueio de R$ 9 mil
O Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio da 3ª Promotoria de Justiça Cível de Sorriso, peticionou em menos de dois meses pelo bloqueio de R$ 9.254.330.63 para destinar ao Hospital Regional de Sorriso. A unidade, que é referência no atendimento voltado à saúde pública na região, corre o risco de fechar as portas por falta de repasses estaduais.
O último peticionamento feito pelo MP aconteceu no dia 22 de maio de 2017, quando a promotoria requereu o bloqueio de R$ 781.623,00. “No dia 23 de maio o Judiciário, entendendo que não era cabível o bloqueio neste momento, mesmo diante da grave situação pelo que passa o HRS, em razão da falta de repasses, designou audiência de conciliação para 28/06/2017, decisão da qual o MPE pretende recorrer”, afirmou a promotora Carla Marques Salati.
Durante todo o trâmite do processo, o MPE realizou inúmeras reuniões com a diretora e com o médico diretor do Hospital Regional, além do prefeito do município de Sorriso e com vereadores, objetivando a solução dos problemas envolvendo o HRS.
No dia 8 de maio deste ano o MPE já havia peticionado o bloqueio de R$ 8.240.666,08. Nesta mesma data o Ministério Público reiterou o pedido de bloqueio no valor de R$ 232.041,55 realizado no dia 7 de abril deste ano, onde a promotoria, diante da falta de medicamentos, requereu a retenção dos valores para que fossem pagos os fornecedores e assim o abastecimento pudesse ser normalizado.
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