O Presidente Bolsonaro perdeu mais uma. Depois de alardear que pinta e borda; faz e acontece (demite, troca e enquadra auxiliares) “mijou na escorva”, com o perdão pelo chulo plebeísmo, e não teve coragem de demitir o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Parece que sua caneta, que dizia ser superpoderosa, perdeu a tinta e não consegue mais nomear e destituir a turma do primeiro escalão. Três já são os ministros que ele tentou fritar porque estavam alcançando visibilidade: primeiro foi o Paulo Guedes que foi muito importante na campanha por conta da segurança que transmite, mas que foi despertando a inveja do patrão durante o mandato. Depois veio o Sério Moro, cuja popularidade incomoda o Presidente, pois vê nele um possível adversário nas próximas eleições. Agora chegou a vez do Mandetta.
Os dois primeiros aprenderam que não é difícil conviver com o chefe, ele precisa de agrados, paparicações e afagos. É o que fazem os outros ministros e o que também passaram a praticar os dois que tiveram perto da frigideira, mas escaparam dela. O Ministro da Saúde está aprendendo e começa a abrandar o discurso afirmando que quem comanda o time é o Presidente Bolsonaro.
Não creio que ele (o ministro) vá abrir mão de suas convicções, mas dentro dos limites da segurança sanitária por certo afrouxará as medidas de isolamento nos próximos dias. Não o fará tão depressa para não passar a impressão que ficou com medo, nem tão devagar a ponto de sugerir um confronto com o patrão.
De repente no meio termo possa estar o equilíbrio: a pandemia aumenta um pouco de intensidade sem saturar a rede pública de saúde e a economia começa a funcionar ainda que timidamente.
Na verdade o grande problema é ir dosando a contaminação diante da oferta de leitos hospitalares e da disponibilidade de pessoal especializado. Porque conforme já se sabe o novo coronavírus, da mesma forma que uma gripe comum, infectará a maioria da população até que uma vacina consiga contê-lo. Como a vacina demora mais de ano para ficar pronta teremos que ir toureando o vírus até ela chegar.
Só que o Presidente com seu gênio irascível, humor variável e aversão às conciliações vive ateando fogo nos relacionamentos, que a custo os bombeiros conseguem apagar. Tanto ele quanto seus filhos inconsequentes e os ministros ideológicos que leem na mesma cartilha.
Ha alguns dias um filho ofendeu grotescamente a China causando uma grande confusão; esta semana o Ministro Weintraub voltou-se também contra os chineses em uma publicação ridícula. É perturbador termos pessoas como essas a provocar a China, nosso principal comprador de commodities e maior produtor mundial de EPIs e de respiradores artificiais, coisas de que estamos precisando urgentemente neste momento que a epidemia se aproxima do pico aqui no Brasil.
Não é bom cutucar a onça – no caso o tigre – com vara curta, pois em termos comerciais oTigre Asiático não tem o menor medo do rosnado da Jaguatirica Tropical.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor