A equipe de propaganda da campanha de 2014 do governador Pedro Taques (PSDB) teriam recebido cerca de R$ 2 milhões em caixa 2. O empresário Alan Malouf cita em delação premiada um grupo de cinco amigos do governo e ao menos cinco marqueteiros e agências de publicidade que teriam movimentado o dinheiro de pagamento por serviços ao longo da campanha.
O Livre teve acesso ao depoimento de Alan Malouf, cujo sigilo foi suspenso pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) no dia 15 deste mês. Conforme o site, o grupo de amigos seria composto por Marcelo Maluf, Juliano Bortoloto (Todimo), Fernando Minosso, Erivelton Gasques (City Lar) e Júlio Modesto. Os maiores credores seriam Antero Paes de Barros, R$ 700 mil; e as agências FCS, R$ 600 mil; Casa D’ideias, R$ 500 mil e Vetor Pesquisas, R$ 200 mil.
Malouf afirma que o marqueteiro Antero Paes de Barros tinha cerca de R$ 700 mil a receber por serviços prestados e que o valor teria sido quitado com dinheiro de Caixa 2, pelo grupo de amigos, sob ordem do governo Pedro Taques.
“A decisão de efetuar o pagamento dessa conta ‘por fora’ foi compartilhada e autorizada por Pedro Taques. O grupo de empresários comentou com o mesmo sobre essa situação e o mesmo afirmou que poderiam confiar no mesmo”, relatou.
O empresário afirma que acerto de pagamento foi feito em reunião com Antero, Marcelo Maluf, Erivelton Gasques e Juliano Bortoloto na sede da construtora São Benedito. Malouf teria lavrado um contrato de empréstimo/mútuo (ainda não quitado) com Cláudio Ferreira da Silva – e o pagamento para Antero se deu com emissão de cheques de Cláudio.
Ainda segundo Malouf, o secretário de Gestão Júlio Modesto presenciou todo o acordo. “Foi Júlio quem indicou o amigo para emprestar o dinheiro. Ao buscar a quebra de sigilo bancário do emitente dos cheques, o caminho do dinheiro comprovará o alegado”, afirmou Malouf.
Conforme o delator, Antero determinou a retirada dos cheques pelo seu filho Ranulfo Paes de Barros, sócio da empresa TR Produções e pelo gerente da empresa junto a Malouf. “Os serviços foram efetivamente prestados pelo Sr. Antero, mas o acerto final dos seus honorários foi pago por fora, ou seja, através de Caixa 2”.
Governo
Em nota divulgada hoje (19) à tarde via assessoria de imprensa, o governador disse que “conforme já declarado desde 2016, nego a prática do chamado caixa 2 em campanha eleitoral ao Governo de Mato Grosso em 2014 e tampouco autorizei vantagens indevidas a qualquer empresa durante o exercício do mandato. Apesar de citado por delator em acordo de delação premiada, Taques não é réu no processo da chamada Operação Rêmora e terá direito a ampla defesa nos autos. O governador já constituiu advogados para atuar no processo e garantir que a verdade prevaleça”.