Em debate realizado na comissão especial que discute o projeto que institui o chamado Estatuto da Família, o pastor Malafaia defendeu a tese de que ter opinião não significa ser homofóbico. O debate também conta com a presença do ativista Toni Reis, que fez exposição em defesa de uma definição mais ampla do conceito de família. O público que acompanha a audiência é predominantemente evangélico e o tempo todo recheou as falas do pastor com aplausos.
O Estatuto da Família é de autoria do deputado Anderson Ferreira (PR-PE), que é evangélico. “Tem gente que fala tanto em democracia, mas só quer na caneta”, afirma Malafaia. Uma parte dos presentes à sessão vaiou o pastor em alguns momentos. Dirigindo-se ao ativista Toni Reis, que também falou na audiência pública, Malafaia provocou. "Avisa tua turma que opinião não é homofobia."
“Homossexualismo é condição ou comportamento? É comportamento. Não há prova na biologia, não há prova na genética”, defende Malafaia. Ele desafiou os ativistas LGBT a aprovarem uma Proposta de Emenda à Constituição modificando o texto da Carta Magna para ampliar o conceito de família. “Façam uma PEC para retirar da Constituição brasileira que a entidade familiar é homem e mulher. Enquanto o artigo 226 parágrafo 3º estiver em voga, pode discutir aqui o que quiser, pode apresentar o que quiser”, provoca Malafaia.
O projeto é criticado por ativistas LGBT porque restringe em seu texto o conceito de família já em seu segundo artigo. “Para os fins desta Lei, define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”, diz o texto do Estatuto da Família defendido pela bancada evangélica.
"Queremos cidadania"
Em sua exposição, Toni Reis falou a respeito de sua experiência. Ele é casado e adotou três filhos. “Ninguém é contra a família. Mas agora temos de conceituar. E é nisso que podemos ter algumas divergências”, diz ele. “Fiz tudo para me desfazer da minha orientação sexual. Até promessa para nossa senhora do perpétuo socorro. E não me curei”, afirma ele em tom jocoso.
Reis afirma ainda que quem generaliza, erra. “Generalizou, errou. Tem deputados e deputados, tem evangélicos e evangélicos”, defende Reis, que sugere um novo olhar: “Colocarmos o “s” e discutirmos o Estatuto das Famílias”.
Reis desafiou o público predominantemente evangélico presente à sessão. “Decidam-se. Ou somos pecadores, ou somos doentes ou sem-vergonha. Queremos cidadania”, diz Reis, que, da mesma forma que Malafaia, teve sua fala sobrepujada pelos gritos dos manifestantes evangélicos, maioria esmagadora na sessão.
Fonte: iG