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Mais da metade das empresas fez ajustes nas políticas de diversidade

As políticas de diversidade e inclusão (DeI), reforçadas no pós-pandemia, enfrentam instabilidades no Brasil. É o que diz o relatório “DeI sob pressão: adaptar, resistir ou desistir?”, da plataforma TeamHub.

Segundo a pesquisa, que entrevistou 120 líderes de alta gestão em fevereiro deste ano, 51% das empresas no País fizeram ajustes em políticas internas da agenda devido a pressões políticas, sociais ou reputacionais.

A reação do setor empresarial, de acordo com o relatório, tem relação com a crescente tensão sociopolítica do chamado movimento anti-DeI (ou “anti-woke”), que ganhou força nos Estados Unidos após decisões regulatórias como a da Suprema Corte americana em 2023, proibindo cotas raciais nas universidades, somadas à pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, e à revisão de metas de diversidade em multinacionais como Meta e Google.

O mapeamento da influência do cenário político nas decisões empresariais indicou que quase metade dos respondentes no Brasil (44%) reconhece que o movimento “anti-woke” impacta nas estratégias de Dei.

Mas, segundo o relatório, os ajustes que já foram realizados, na maior parte das vezes, foram sutis. As mudanças vão desde reformulações nas políticas internas à troca de termos como “diversidade e inclusão” por expressões mais neutras como “talento e cultura”. Foram relatados ainda casos em que metas afirmativas foram substituídas por discursos sobre meritocracia, sem compromissos explícitos de inclusão.

Crise de governança

Conselheira da TeamHub e porta-voz do estudo, a executiva Grazi Mendes avalia que a decisão de muitas empresas de alterar sua abordagem em relação à DeI não se dá por desconhecimento, mas por uma crise de governança. Enquanto 85% das lideranças reconhecem DeI como estratégia essencial para inovação, 23% dizem não priorizá-la em suas empresas e outros 16,6% sequer sabem sobre isso.

Outro dado do relatório diz que somente 54% das empresas discutem os riscos reputacionais envolvidos nas decisões sobre diversidade. “Em um cenário de alta exposição, não discutir risco reputacional é uma negligência estratégica”, diz Grazi. “Empresas que ignoram esses sinais estão mais vulneráveis a boicotes, perda de talentos e desgaste de marca.”

Legislação

Apesar da tensão atual, o Brasil é um dos países com legislação mais avançada para equidade: da Lei de Cotas à paridade salarial entre homens e mulheres, passando por acessibilidade e combate à discriminação. No entanto, segundo a especialista, isso ainda não se mostra consolidado na cultura corporativa no País.

O relatório mostra, por exemplo, que 23% das empresas ainda não possuem políticas formais de Dei.

“Empresas que priorizarem coerência, preparo e continuidade terão não só vantagem reputacional, mas adaptativa e competitiva. Diversidade não é só uma pauta de valores, é uma alavanca de futuro”, afirma Grazi.

Estadão Conteudo

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