Emanuel Pinheiro (PMDB) e Wilson Santos (PSDB) chegaram ao fim do segundo turno das eleições em Cuiabá com maior índice de rejeição que de aprovação. Se somados os votos que cada candidato recebeu às abstenções, votos nulos e em branco, a grande maioria dos eleitores se basearam no critério de exclusão e não de escolha.
Prova disso é alto índice de 41,03% apenas das abstenções, votos nulos e em branco em relação aos 415.098 eleitores habilitados a votar. Conforme dados do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), nas eleições do último domingo (30), houve 104.235 abstenções (25,11%), 36.594 nulos (11,77%) e 12.909 votos em branco (4,15%).
Os 153.738 não contabilizados como válidos supera os 103.483 registrados no nome de Wilson Santos e tem diferença apertada de somente 4.139 votos ante aos 157.877 que elegeram Emanuel Pinheiro. A ponderação numérica de rejeição de cada candidato pode ser feita com soma dos votos dados ao adversário mais os brancos nulos e as abstenções – são 257.221 votos ao desfavor de Emanuel Pinheiro e 311.615 contra Wilson Santos.
Para o analista político João Edisom, dois fatores contribuíram para o alto índice de rejeição aos candidatos. O primeiro passa pela minirreforma eleitoral aprovada em janeiro deste ano e que reduziu o tempo de campanha em 50% (de 90 para 45 dias) e o limite de financiamento, a partir de agora restrito a pessoas físicas.
“A campanha brasileira deveria ter um formato semelhante à dos Estados Unidos. Abre um tempo de dez meses de campanha, com quatro meses para prévia e seis meses para a divulgação mesmo dos candidatos. Faça movimentar a economia com a taxação das movimentações financeiras, por exemplo, a contratação de cabos eleitorais que não tem nenhum amparo jurídico trabalhista”, explica.
Segundo ele, a mudança aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impossibilita o próprio debate dentre os concorrentes, visto que ficam atados por falta de tempo e de dinheiro para gastar. Diz que a utilização de “artifícios” de comissão (atrações artísticas e brindes, etc.)
“Nós estamos caminhando para um modelo antidemocrático e não estamos percebendo isso; é o mais grave. Encurtou o tempo de campanha e o modelo financiamento de candidatos para evitar corrupção. Mas queremos saber se não ocorrem mais compra de votos ou pagamento para fixação de placas na casa de eleitores”, questiona.
No caso de Cuiabá, a restrição levou a imposição de candidatos com baixo índice de aceitação. O analista João Edisom diz que Emanuel Pinheiro e Wilson Santos foram fabricações de última hora de seus grupos políticos para tentar convencer o eleitor. A desconexão entre as figuras e o apelo social levou ao que o Movimento de Combate ao Crime Eleitoral em Mato Grosso (MCCE-MT) chama de “déficit de legitimidade”.
“O Emanuel Pinheiro foi uma fabricação do PMDB. A duas semanas do início da campanha, ninguém cogitava o aparecimento dele como candidato a prefeito. Antes disso, era figura inexpressiva. O Wilson Santos foi uma fabricação de Pedro Taques em uma situação mais esquisita ainda, uma escolha a duas horas para o fim do prazo judicial, devido à saída do Mauro Mendes. Então não houve nenhum candidato legitimado pelo povo”, diz analista.