Criado com o objetivo de apoiar o policiamento ostensivo e atuar onde a polícia comum tinha dificuldades em enfrentar a criminalidade, o batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) teve seu início no dia 21 de junho de 2001, por meio da portaria 005/PM3/2001 assinada pelo então comandante-geral da Polícia Militar na época, coronel José Maria Ribeiro de Morais.
Inicialmente criado com o nome de Rondas Ostensivas Tático Metropolitano, tinha um efetivo de um pelotão e reunia os policiais que já possuíam cursos de aperfeiçoamento em atividades táticas e a primeira sede da unidade foi no bairro Bosque da Saúde, na capital. No ano de 2003, o comandante-geral incorpora à Rotam o Comando de Ações Rápidas (CAR) que é o policiamento motociclístico, aumentando o efetivo da unidade.
Em 2004, a Rotam se torna companhia e passa a ser subordinada ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Já em 2006, visando ao crescimento da capital e se consolidando como unidade especializada, a Rotam realiza o primeiro curso de especialização em Força Tática (CEFT). Dois anos depois, a unidade realizou o segundo curso de especialização em Força Tática denominado Curso de Operações Rotam (COR), cujo nome é utilizado até hoje nos cursos.
No ano de 2008, a Rotam passa a ministrar o curso de especialização em motopatrulhamento tático (CEMPT). Mesmo diante da eficiência e atividades táticas desenvolvidas em 2009, o então comandante-geral da PMMT, coronel Antônio Benedito de Campos Filho, desativa a Rotam e incorpora os militares da unidade à Força Estadual de Segurança Pública.
Na época da desativação da Rotam, gerou-se uma polêmica com a população que apoiava a manutenção da unidade. O coronel Campos Filho informou que a criação da Força Estadual era baseada nos moldes da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP, criada em 2004) e iria reunir em uma mesma unidade militares da Força Tática, Rotam e agentes da Polícia Civil (PC) que atuariam em operações por todo o território mato-grossense.
“Teremos uma grande tropa de patrulhamento seguindo uma mesma conduta não só com relação ao número de viaturas na rua, mas também a unificação do modus operandi”, afirmou Campos Filho, na época. Além de desagradar grande parte da população, a desativação da Rotam desagradou parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado.
Alguns deputados como Roberto França, Guilherme Maluf, Carlos Brito e o ex-apresentador de programa policial Walter Rabelo, se mostraram insatisfeitos com a medida tomada pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e comandante-geral. Na avaliação deles, a população ficaria exposta à violência e os números relacionados à criminalidade aumentariam em Mato Grosso.
Em 2010, o ex-governador Blairo Maggi nomeia o coronel Osmar Lino Farias como comandante-geral da Polícia Militar e uma de suas primeiras ações à frente da instituição foi reativar a Rotam e a transformar em batalhão, tendo em sua composição três companhias, sendo elas de patrulhamento tático, controle de distúrbios civis e CAR.
Ainda no mesmo ano, o batalhão ganha uma sede própria localizada no bairro Dom Aquino na capital e, em virtude da Copa do Mundo, realizada no Brasil em 2014 e teve como uma das subsedes Cuiabá, a Rotam realiza o 1º curso de especialização em controle de distúrbios civis, sendo um marco das operações de choque no Estado.
O batalhão, que hoje pertence ao Comando Especializado (Cesp), conta com 160 policiais servindo a unidade e, além do atendimento de ocorrências mais complexas no dia a dia, ainda desenvolve o projeto Jiu-jitsu Rotam, que visa prevenir e afastar crianças de situações de vulnerabilidade social e estimular a capacidade criativa dos menores.
Buscando uma aproximação com a comunidade, a Rotam ainda oferece à população uma hora e meia de educação física, com profissionais da área e instrutores policiais que orientam os participantes a manterem um estilo de vida mais saudável, com orientações de atividades físicas e alimentares, realiza o Arraiá Rotam, que terá sua quarta edição este ano, e também organiza o ‘Rotam Extreme’, uma prova com 12 obstáculos que, ao longo dos cinco quilômetros de percurso, exige condicionamento físico e preparo psicológico dos participantes.
Origem policiamento tático
Tudo começou na década de 70 no estado de São Paulo com a criação da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), que visava combater militantes de extrema esquerda que passaram a realizar uma série de ataques no estado que consistia em ataques a instituições financeiras, sequestros de políticos para financiamento de grupos como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em 1970 o governo paulista, buscando reforçar a Rota, instala no batalhão uma central de comunicação o que dava maior agilidade no atendimento de ocorrências. Recebem uma boina preta, passam a realizar ronda bancária e patrulhamento urbano e de choque em áreas críticas, onde o policiamento ordinário não tinha condições de realizar. Com isso, a Rota se tornou referência em patrulhamento tático em todo país.
Em Mato Grosso, seguindo a mesma filosofia e moldes da Rota, surge em 1972 o Grupo Tático Móvel sediado no 1º Batalhão de Polícia Militar, o mais antigo do estado. Em 1983 é criado o Serviço de Apoio Armado e Repressão Armada (Sara) que tinha como principal missão apoiar o serviço de rádio patrulhamento no combate à criminalidade, por meio de um policiamento mais enérgico que dispunha de armamento e efetivo reforçado.
Pelas ruas da capital era possível visualizar a veraneio GM D-20, cinza realizando rondas e patrulhamento assim como fazia a Rota em São Paulo. As atividades do Sara duraram por cinco anos até ser desativada pela primeira vez.
No ano de 1994, o então comandante da PMMT, coronel Dival Pinto Martins Corrêa, reativa o Sara, porém subordinada ao Comando do Policiamento da Capital (CPC). Em 1996 o Sara é definitivamente extinto e o efetivo pertencente a unidade foi incorporado ao Comando de Operações Especiais (COE) e realizava o policiamento de choque e operações especiais.
Devido ao crescimento da capital, a Polícia Militar e segurança pública percebeu a necessidade de criar um policiamento especializado com uma tropa que atuaria o policiamento ostensivo, surgindo assim a Rotam.
Cursos Rotam
Para o policial militar ingressar na Rotam é necessário concluir os cursos realizados pela unidade que são divulgados no boletim interno da Polícia Militar. Em casos excepcionais o militar pode ingressar no batalhão por meio de convite feito pelo comandante da unidade, ou apresentação de policiais voluntários por meio de ofício, os quais passarão por estágio de adaptação no batalhão.
Um dos principais requisitos que inclui o ingresso na Rotam é o militar ter conduta familiar e profissional irrepreensível, além disso, ter idoneidade moral.
Sendo aprovados nesses requisitos, os candidatos a ingressar na Rotam passam por cursos de adaptação e conhecimentos em patrulhamentos táticos.
COR (Curso de Operações Rotam) – tem como objetivo a especialização técnico-profissional e a formação de multiplicadores de Rotam, por meio de instruções técnicas e táticas específicas. Além de habilitar o policial a compor equipes da Rotam, ainda o capacita a ministrar instruções de patrulhamento tático.
CEMPT (Curso de Especialização em Motopatrulhamento Tático) – busca a especialização técnica profissional e a formação de multiplicadores no motopatrulhamento tático, através de instruções técnicas e táticas específicas.
CECDC (Curso de Especialização em Controle de Distúrbios Civis) que tem como o objetivo a formação e capacitação de policiais em controle de distúrbios civis, com táticas e instruções específicas, além de habilitar o policial a ministrar cursos CECDC.
Lado social
Tendo em vista desmistificar a fama de violência ou truculência com que a sociedade via a Rotam, o batalhão abriu as portas para a comunidade e passou a desenvolver projetos sociais a fim de aproximar as pessoas da unidade e conhecer de perto os policiais e perceberem que ali atuam homens e mulheres que têm família, filhos, compromissos diários assim como qualquer outra pessoa.
Em 2013, o cabo da Rotam Roderiky Cardoso criou o projeto Jiu-Jitsu Rotam que atende gratuitamente crianças a partir de 6 anos: “Eu já era atleta de jiu-jitsu e havia no batalhão a necessidade de se criar um projeto social e tínhamos que abrir a porta da Rotam para a sociedade. Além da criação da Fanpage para mostrar o trabalho, houve também a criação do Jiu-jitsu que existe há cinco anos”, informou Roderiky.
O projeto inicialmente atendia somente crianças carentes, principalmente da região do Praeiro e Dom Aquino, porém hoje os atletas são diversificados e de diferentes classes sociais. Atende alunos de Cuiabá e Várzea Grande, devido ao crescimento e reconhecimento das atividades. Além de ensinar a arte marcial, o projeto cobra disciplina, respeito e educação dos alunos que frequentam as aulas.
“Muitas mães de alunos nos procuram para agradecer que depois que o filho começou a frequentar as aulas o comportamento dele mudou tanto em casa quanto na escola, se tornou mais atencioso, disciplinado, passou a respeitar os pais; crianças que eram tidas como problemáticas hoje são vistas como exemplo” salientou o cabo Roderiky.
Em cinco anos, já são mais de 50 competições e 500 medalhas entre Estaduais, Opens, Mundiais e, neste ano, o primeiro Campeonato Brasileiro.
Conduzido pelo Cabo Roderiky Cardoso e o soldado Victor Paz, o projeto está inscrito na Vara de Proteção da Infância e Juventude do estado e município, e a expectativa, a partir da ampliação da academia, é começar a atender 500 atletas e prestar cerca de 20 mil atendimentos ao mês. Além das aulas, os alunos também recebem acompanhamento médico, nutricional e psicológico que mudam vidas.
Assim como em 2017, este ano acontecerá o 4º Arraiá Rotam, no dia 16 de junho, e toda a renda do evento será doada ao projeto de jiu-jitsu do batalhão. O evento é aberto a toda a comunidade que queira participar, é uma realização do Grêmio Recreativo da Rotam, e além de trazer a população para dentro do batalhão também irá reverter o dinheiro arrecadado para um projeto tão importante que é o jiu-jitsu.
Este ano, além de atrações regionais, ainda terá o show nacional com a dupla Luiza e Maurílio. Luiza, a jovem dona de uma voz forte e marcante, chama a atenção em cada tom que alcança e Maurílio traz encaixe e harmonia perfeitos como a segunda voz da dupla.
A primeira música de trabalho, “Tô Bem”, tem letra leve e apresenta ao público a proposta musical da dupla, sem rótulos; enquanto “Pra Que Isso?” já chega às rádios como uma balada romântica, sobre o término de um relacionamento e as implicações depois do fim.
Realizado pelo Grêmio Recreativo Esportivo Rotam, a corrida de aventura Rotam Extreme é outro evento promovido para os militares. Neste ano, será no dia 8 de julho de 2018, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, com início às 6h30 e a largada da primeira bateria às 7h. Com base na última edição, a expectativa é de que 5 mil pessoas participem da corrida, sendo 1.500 atletas inscritos. Os demais são espectadores prestigiando o evento.
A corrida terá um percurso de 5 km com 15 obstáculos construídos, além dos naturais. Será em volta da extensa lagoa artificial (Lagoa Trevisan) com vegetação característica do cerrado mato-grossense, proporcionando elevado espírito de aventura devido ao intenso contato com a natureza.
Todos os obstáculos são desenvolvidos para que o participante não necessite de auxilio de terceiros para transpô-los. Mas haverá presença de monitores e equipe de apoio garantindo a segurança, em todos eles. Contará ainda com equipes de socorristas em ponto fixo e móvel e ambulância UTI móvel.
Prisões e apreensões
Entre algumas ocorrências que ganharam destaque pela rápida atuação da Rotam está a apreensão de um arsenal que arsenal que abastecia o Comando Vermelho em Mato Grosso, a recuperação de R$ 344 mil levados de um empresário bairro Santa Rosa e prisão de sequestradores.
No dia 28 de setembro de 2017, os policiais da Rotam apreenderam um arsenal com 10 pistolas, uma submetralhadora, munições, celulares e drogas que abasteciam o Comando Vermelho em Mato Grosso. A ação foi realizada em Várzea Grande (Região Metropolitana de Cuiabá) e o criminoso que estava com o material apreendido foi preso.
Os policiais localizaram o suspeito Emerson Rodrigo da Silva, 34, proprietário de um automóvel alvo de denúncia e realizaram uma busca veicular e encontraram embaixo do banco traseiro, munições de calibre 9 milímetros. Os militares realizaram uma busca no imóvel em que Emerson se encontrava e nada mais de ilícito foi localizado.
Já em conversa com o suspeito, ele informou que sua residência ficaria no bairro Construmat e que no local teria arma de fogo. Os policiais da Rotam juntamente com o suspeito se deslocaram até a Rua José Leite e encontraram um verdadeiro arsenal no imóvel de Emerson.
Em sua residência foram encontradas 10 pistolas, uma submetralhadora, 190 munições de calibre 556, 25 munições de calibre 762, 130 balas de 9 milímetros, 19 munições de calibre 380 e seis munições de armamento calibre 32. Além desse material, na casa também foram encontrados quatro tabletes de pasta-base de cocaína, três celulares, duas balanças de precisão, aproximadamente R$ 36 mil em espécie e cheques.
Policiais militares da Rotam realizaram no início da noite de terça-feira (29/05) a prisão em flagrante de Jeferson Hernandes Nascimento, 28, e Jean Richard Garcia Lemes, 28, após a dupla ter roubado R$ 344 mil de um apartamento no bairro Santa Rosa, em Cuiabá.
O proprietário do dinheiro compareceu à delegacia e ao abrir a maleta foi contada a quantia de R$ 330 mil em espécie divididos em 33 maços de R$ 10 mil. A vítima contou que chegava ao edifício quando foi surpreendida por três ladrões armados que a encaminharam para o apartamento onde conseguiu levar o dinheiro.
Ainda com os criminosos os policiais apreenderam uma pistola Taurus calibre 380, um revólver calibre 38, 17 munições calibre 380, cinco munições calibre 38 e cinco celulares. Jeferson e Jean seguem à disposição da justiça.
Em janeiro, os policiais prenderam no bairro Brasil 21, em Cuiabá, Thiago Ferreira de Souza, 25, e apreenderam dois menores em um veículo HB20 que havia sido roubado naquela madrugada e as vítimas tinham sido sequestradas.
De acordo com o boletim de ocorrência, os militares da Rotam em patrulhamento copiaram via rádio uma situação de roubo seguido de sequestro por volta das 4h da manhã no bairro Jardim Europa, na capital, em que as vítimas seriam dois jovens.
De acordo com um oficial do batalhão informou ao Circuito Mato Grosso, os criminosos teriam gasto aproximadamente o valor de R$ 4 mil das vítimas em compras diversas; a última compra teria acontecido em Várzea Grande e os bandidos estariam indo no sentido bairro São João Del Rey, na capital.
Imediatamente os policiais passaram a realizar buscas a fim de localizar o veículo roubado, bem como os criminosos, e já no bairro Brasil 21 o veículo com os suspeitos foi localizado. Ao serem abordados, os criminosos tentaram resistir à prisão, sendo necessário o uso de spray de pimenta para contornar a situação.