Política

Maggi é duramente criticado por liberar importação de café do Vietnã

Foto: Willian Matos

O analista financeiro Miguel Daoud criticou duramente a decisão do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), em autorizar a importação do café colinon do Vietnã, maior produtor mundial do grão.

Durante participação em um programa do Canal Rural, o especialista afirmou que o ministro não quer que o produtor brasileiro ganhe dinheiro. “O senhor não é um ministro que prioriza agricultura. O custo subiu demais, o café subiu demais, o senhor vai adotar essa estratégia em tudo? Vai se render a indústria para poder prejudicar milhares de produtores de café? Eu só espero que a Camex não autorize”, bradou.

Miguel Daoud lembrou que o café do Vietnã é produzido com mão de obra infantil e até escrava. Além de ter tributação diferente da brasileira. “O senhor fez isso com milho também e quando o produtor de milho estava ganhando alguma coisa acabou a festa. O que vai acontecer com este País, com um comando de um Ministro que não prioriza a agricultura?”.

O especialista ainda convocou os produtores de trigo, que enfrentam crise, a também se manifestarem, diante do fato de o Ministério ter buscado o grão na Russia.

“Nós importamos etanol e hoje a situação do etanol está razoável, mas nós tivemos que importar o etanol em detrimento da indústria aqui dentro. São milhares de produtores e pequenos produtores que estão recebendo quase nada pelo leite. Também temos a questão do arroz e outros setores da economia”, acrescentou.

Por fim, Miguel Daoud sugeriu que a solução seria "importar ministros".

“Claramente o senhor não estava convicto de que importar café é a solução para o Brasil. Sabe o que nós vamos fazer? Nós vamos importar ministro. Talvez o ministro da Agricultura que a gente importar consiga resolver o problema da Agricultura”, pontuou.

A medida

O Brasil vai reduzir o imposto de importação de café de 10% para 2%, para uma cota de até 1 milhão de sacas de café conilon (robusta) com prazo até maio de 2017.

A medida foi aprovada pelo comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex). Além disso, o Ministério já definiu os requisitos fitossanitários para importar café conilon do Vietnã, que é o maior produtor mundial do grão. Os requisitos foram determinados pela Instrução Normativa 7, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (20/02).

Maggi justificou a decisão do governo como uma medida fundamental para atender a indústria.

“A falta do produto tem levado as indústrias de cafés solúveis à extrema dificuldade, ao ponto de nós termos perdido um mercado muito grande em janeiro e fevereiro porque o café fora do Brasil está bem mais barato que internamente”, afirmou o ministro durante coletiva de imprensa, em São Paulo.

Maggi disse ainda "sentir profundamente pelos cafeicultores".

"Eu disse que seria o primeiro a brigar pela não importação do café. Porém, a situação em que nos encontramos é uma situação bastante delicada de falta do produto no mercado interno”, declarou.

Veja a opinião do analista financeiro Miguel Daoud:

Sandra Carvalho

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