Cidades

Mãe relata como descobriu que filha de três anos estava sendo violentada pelo padrasto (vídeo)

Vídeo: Raul Bradock 

Era para ser mais um dia normal na rotina de *Maria. Acordar cedo, tomar banho, fazer o café e ir para o trabalho – deixando a filhinha de três anos aos cuidados do seu companheiro e padrasto da garota, que a levava para a creche todos os dias. Era pra ser…

“Eu já estava com uma sensação ruim, mãe sempre sabe”, explica Maria com os olhos cheios d’agua, relembrando o triste dia de quarta-feira (03) de agosto, no Bairro Jardim Alvorada, em Cuiabá (MT).

A garota costuma ficar na creche das 6h30 às 17h. Maria sai do trabalho às 10h da manhã, mas por estar inquieta e com um certo aperto no peito, resolveu passar na unidade escolar para ver a filha – momento que descobre que ela não estava lá, sequer foi levada.

Veja o relato da mãe da vítima: 

“Quando cheguei a casa ela veio correndo ao meu encontro como se quisesse minha proteção, como se quisesse carinho. Nesse momento eu já desconfiei que havia algo de errado”, relembra Maria.

A mãe explica que o suspeito A. A. D. S, de 40 anos, se defendeu dizendo que não havia levado a criança para creche, pois ela estaria sonolenta e a deixou dormir.

Ainda inquieta com a mudança de rotina, Maria vai com a filha até uma igreja no centro da cidade e na volta descobre o perturbava a criança. “Estávamos no ônibus e ela perguntou para onde a gente estava indo. Eu disse que era para casa e ela ficou preocupada, como quem não quisesse voltar para lá”.

Segundo a mãe a garota disse a seguinte frase: “Papai A., mexeu na minha moranguinho”. Maria explica que ensinou a garota a associar as partes íntimas com este nome justamente por se preocupar com esse tipo de situação.

“Fiquei sem chão nesse momento. Não queria nem olhar na cara dele quando cheguei a casa. É claro que eu ia acreditar na minha filha. Por que uma criança de três anos mentiria a respeito disso? ”, conta Maria. Ela pediu para que o homem fosse embora da casa, mas ele se recusou de todas as maneiras, até ela tomar a atitude de denunciar.

O caso ainda segue na justiça, mas Maria conseguiu uma medida preventiva pela qual o suspeito não pode se aproximar a menos de 1,5 km dela – que anda com um dispositivo para monitorar a distância.

“Para mim foi muito doloroso como mãe. Não me arrependo de ter denunciado porque pensei na proteção da minha filha. Creio que lá na frente ela pense que teve uma mãe amiga, que cuidou e a defendeu”, finaliza Maria com voz firme, com a certeza de que fez a escolha correta.

* O nome utilizado é fictício para preservar a fonte

Quinze crianças são violentadas diariamente em Mato Grosso 

O Circuito Mato Grosso teve acesso às estatísticas da Secretaria de Estado de Segurança (Sesp). Fazendo um comparativo de 2016 com 2014, é possível concluir que a violência contra crianças e adolescentes subiu surpreendentes 36,5% em Mato Grosso. De janeiro a setembro de 2014 foram 2.984 casos contra 4.075 no mesmo período de 2016. São 14,8 crianças tendo seus direitos violados diariamente.

No ano de 2014 foram registradas 2.984 ocorrências envolvendo vítimas menores de 18 anos em Mato grosso no período de 1º de janeiro a 30 de setembro; o equivalente a 10,9 crianças vítimas da violência por dia.

Um ano depois, no mesmo período de 2015, os casos tiveram um aumento de 2,7% – com o total de 3.066 ocorrências; praticamente 11,2 crianças vítimas em ocorrências por dia no Estado.

DENUNCIE PELO APLICATIVO SOS INFÂNCIA

O Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação ao Trabalho Infantil de Mato Grosso (Fepeti/MT) lançou em junho de 2016 o “SOS Infância”, aplicativo para dispositivos móveis, desenvolvido com objetivo de tratar como prioridade a erradicação à exploração de crianças e adolescentes, além de outras formas de violência e violação dos direitos da criança e do adolescente.

O dispositivo possibilita que qualquer pessoa e em qualquer lugar de Mato Grosso possa fazer a denúncia quase que em tempo real.

Entre os tipos de violação listados estão: trabalho infantil, situação de rua, negligência e abandono, discriminação, violência física, violência sexual, tortura, tráfico de criança e adolescente e violência psicológica. A denúncia apresentada pode ainda ser acompanhada de uma foto tirada no momento do fato ocorrido.

As denúncias podem ser anônimas ou não e o denunciante deve redigir um texto com informações básicas narrando o que presenciou, horário, localização, ponto de referência, e alguns detalhes sobre a criança e o ambiente onde o fato estaria ocorrendo.

A partir dessa informação, a rede pode verificar a veracidade e, se necessário, intervir para que a ameaça deixe de existir, de modos a fornecer para a rede proteção à criança e ao adolescente e à sociedade em geral.

A rede de proteção é formada pelos Conselhos Tutelares, Ministério Público do Trabalho (MPT), secretaria de Trabalho e Assistência Social, Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente. Quando lançado, usuários de dispositivos móveis, tanto da tecnologia android quanto IOS, poderão ter acesso gratuito ao dispositivo. 

Veja matéria completa: Quinze crianças violentadas por dia em Mato Grosso

 

Raul Bradock

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