A mãe e o padrasto do menino Ezra, de 7 anos, Lee Ann Finck e Mzee Shabani, viajaram para a África no dia 3 deste mês, segundo informações da Polícia Civil. O corpo do menino foi encontrado na sexta-feira (4) dentro do freezer na residência onde vivia com os dois, em um prédio na Rua Santo Amaro, na região central de São Paulo.
As informações foram passadas ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) pela Polícia Federal, que encontrou os registros da saída de Lee, Mzee e as duas filhas do casal. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo não especificou, no entanto, para qual país africano o casal e as duas filhas viajaram.
De acordo com a SSP, o casal não foi indiciado pelo crime e por isso não é considerado foragido. O DHPP aguarda o laudo necroscópico para saber a causa e a data da morte do menino.
Histórico de problemas
O Conselho Tutelar informou que Ezra foi atendido em junho de 2014 após receber denúncia que a criança apresentava sinais de espancamento. A mãe declarou, segundo o conselho, que batia "no intuito de educar, e não machucar".
No mesmo ano foi concedida uma liminar de acolhimento, suspendendo o convívio familiar de Ezra com o padrasto e a mãe. Em 15 de janeiro deste ano, o juiz Rodrigo Vieira Murat permitiu o retorno do menino ao convívio com o casal e determinou que o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) acompanhasse a família por seis meses.
O desembargador do Tribunal de Justiça, Antônio Carlos Malheiros, disse que o menino foi acompanhado durante seis meses e depois devolvido à família após pedido da própria criança.
Sepultamento
Como nenhum familiar procurou o IML (Instituto Médico Legal) para liberar o corpo da criança, o delegado que investiga o caso prorrogou o prazo de reconhecimento de três dias para que o menino não seja enterrado como indigente. A polícia informou que entrou em contato com o consulado da África do Sul para tratar de liberação do corpo de Ezra.
Segundo o boletim de ocorrência, o menino teria aparentemente cinco anos e vivia com a mãe, o padrasto de 26 anos e duas irmãs.
Na loja de doces da família de origem sul-africana, dá para ver pelo vidro que sobrou pouca coisa. Os vizinhos disseram que o local foi arrombado e saqueado.
A Polícia Civil informa que a investigação está em andamento, com coleta de imagens, depoimentos, levantamento de informações com a Polícia Federal e com a Delegacia do Aeroporto, bem como de ligações telefônicas recentes.
Caso
A família era dona de uma bomboniere no térreo do edifício e morava no primeiro andar. Por volta das 18h40 de sexta, vizinhos ligaram para a polícia para verificar se havia algo estranho no apartamento.
O primo do padrasto do menino contou à polícia ter estranhado o fato de o vendedor de 26 anos deixar de abrir a bomboniere. Ele foi até o apartamento e, na porta, sentiu um cheiro muito forte.
O homem chamou o proprietário do imóvel e lá encontraram, no freezer, o corpo do menino enrolado em um lençol e em sacos plásticos, segundo o boletim de ocorrência.
Segundo o primo, o menino era filho da companheira do vendedor. Agentes da Polícia Técnico-Científica foram acionados para fazer perícia.
Fonte: G1