Empresária Patrícia Ramos afirmou ter se sentido desrespeitada pelo delegado da Polícia Civil, Olímpio da Cunha Fernandes, na noite de 12 de julho, data em a filha dela, Isabele Ramos, 14 anos, foi morta com um tiro no rosto pela própria amiga, no Alphaville, em Cuiabá.
Em entrevista ao site Gazeta Digital, ela disse que Fernandes foi negligente com a cena do crime, permitindo acesso de várias pessoas ligadas à família de Marcelo Cestari, pai da adolescente investigada. "Como pode um delegado da Polícia Civil agir de forma tão negligente diante de um terrível acontecimento desses, uma adolescente de 14 anos com tiro no rosto?!", questiona.
Como já relatado em vários depoimentos de testemunhas, a cena do crime demorou para ser isolada e foi 'visitada' por pessoas ligadas à família Cestari, como vizinhos, médicos, advogado e até policial que não estavam trabalhando na ocorrência.
"A mãe [da investigada] guardava artefatos de armamento que estavam negligentemente sob uma mesa, as filhas, incluindo a atiradora, trocaram de roupas. A arma não estava no local onde o corpo da minha filha estava, o estojo da bala foi entregou ao delegado pelo advogado da família", apontou Patrícia, sobre uma série de cenas vistas no local.
Ainda confrome a empresária, mesmo diante do flagrante de Cestari em posse irregular de arma de fogo, "o delegado ainda teve o desplante de sotar o senhor Marcelo Cestari, que possuía armas ilegais e foi o responsável que permitiu que um menor adentrasse a sua casa trazendo a arma de fogo que matou a minha filha, fosse volto pagando míseros R$ 1 mil. Me senti ultrajada quando soube disso".
O delegado Olímpio atendeu a ocorrência no dia do seu plantão na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Com os desdobramentos, o caso foi transferido para a Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), sob os cuidados do delegado Wagner Bassi.
Passados mais de 30 dias do crime, bem como quase uma semana da reconstituição da morte de Isabele, a mãe dela afirma que sente uma "substancial mudança na condução deste caso pela Polícia", já que, segundo ela, "cada dia que passa aparece com mais força, através das marcas deixadas e pelo uso da ciência, a versão mentirosa construída pela família da atiradora".
Com a conclusão do inquérito nos próximos dias, Patrícia afirma desejar que todas as providências sejam tomadas já que, 'deveriam ter sido tomadas pelo delegado que atendeu a ocorrência inicialmente'. Apesar disso, ela afirma não acreditar em interferência da investigação.
"Quero saber toda a verdade e espero uma punição exemplar para todos os envolvidos, quem atirou covardemente no rosto da minha filha e os que atiraram indiretamente nela, como os pais que deixaram seu filho menor trafegar ilegalmente com armas letais pela cidade. O menor que transgrediu a lei, bem como os pais que deixam que armas fiquem soltas em casa sob o sofá, como se fossem controles remotos".
No começo de agosto, Marcelo Cestari foi indiciado conforme a Lei 10.826/2003, nos seguintes artigos: *Artigo 12* – posse irregular arma de fogo; *Artigo 14*: porte ilegal de arma de fogo; *Artigo 16, parágrafo 1, inciso 5*: fornecer arma a adolescente, uma vez que solicitou a própria filha que guardasse as armas.