Política

Maçonaria política e apartidária

A instituição maçônica é conhecida por manter equidistância das discussões políticas, sendo um de seus dogmas o combate ao sectarismo político e todos os maçons aprendem isso logo que são iniciados nos “mistérios” da Maçonaria. Na Constituição do Grande Oriente do Brasil – GOB (art. 2º., VII) há afirmação de que são postulados universais da Instituição Maçônica a proibição de discussão ou controvérsia sobre matéria político-partidária, religiosa e racial, dentro dos templos ou fora deles, em seu nome.

No entanto, os maiores dirigentes da Maçonaria de Mato Grosso deixaram essa regra de ouro de lado e, conforme amplamente divulgado, reuniram-se recentemente no gabinete do governador Mauro Mendes para afirmar que todas as Obediências apoiam a sua pretensão de reeleição ao Palácio Paiaguás, conforme se manifestaram na ocasião, os grão-mestres do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, da Grande Loja de Mato Grosso e do Grande Oriente do Brasil Mato Grosso.

Essa declaração de apoio conjunto veiculada pelos meios de comunicação deixou estupefatos, para não dizer indignados, vários maçons das referidas Potências da Maçonaria mato-grossense, pois o governador Mauro Mendes não é maçom e alguns maçons proeminentes, além de mulheres de maçons, que eles chamam de cunhadas, disputam as eleições como oposição ao dirigente do Paiaguás.

Também pegou muito mal o fato do atual presidente do PSD, o maçom Geraldo Macedo, sair jogando pedra contra o senador Carlos Fávaro, maçom da Grande Loja de Mato Grosso e que foi apoiado pelo mesmo nas últimas eleições para a vaga deixada pela senadora Selma Arruda, cujo mandato foi cassado pela Justiça Eleitoral. Registra-se igualmente o fato de que o atual grão-mestre do Grande Oriente do Estado de Mato Grosso, Gelson Menegatti Filho, ocupa também o cargo de presidente do Conselho Estadual de Educação. 

A situação ficou um pouco mais complicada durante os últimos dias quando vários maçons criticaram tal decisão, que não contou com a aprovação das lojas, partindo de atuação solitária dos grão-mestres que se metem em política, inclusive sugerindo até a cassação dos mandatos dos seus dirigentes maiores, ou seja, um impeachment maçônico.

Informações de bastidores dão conta de que os grão-mestres pretendem contornar a confusão política que criaram lançando um comunicado conjunto para informar quais são os maçons e cunhadas candidatas nas próximas eleições, reafirmando que os maçons são livres para escolher em quem devem votar no pleito. Seria uma forma de colocar panos quentes nas hostes maçônicas e evitar que o estrago interno aumente com grandes prejuízos na política interna da instituição.

Maçons que foram contatados disseram que a Maçonaria, ao contrário do que se pensa não é apolítica, porque há dialética sobre política em Loja e os maçons podem se filiar a partidos políticos e exercer as atividades decorrentes, mas a Maçonaria, acima de tudo, deve ser apartidária e jamais declarar apoio a esse ou aquele candidato ou candidata, uma vez que contraria o ideal de liberdade ensinado todos os dias nas suas reuniões.

Certo é, que a atuação dos dirigentes maçônicos causou uma sensação de desconfiança interna de fisiologismo por parte de alguns de seus mandatários maiores, com o desnecessário estabelecimento de relação de poder político pautada por tomadas de decisões em troca de favores, favorecimentos ou outros benefícios a interesses privados, sem nada ter a ver com os altos ideais da Maçonaria. 

 

 

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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