Forças de segurança da Macedônia atiraram granadas e bombas de gás lacrimogênio nesta sexta-feira (21) para dispersar migrantes concentrados na fronteira com a Grécia um dia depois do país ter declarado estado de emergência para lidar com um afluxo maciço de imigrantes rumo ao norte para a União Europeia.
O incidente ocorreu em uma zona fronteiriça entre a localidade grega de Idomeni e a cidade macedônia de Gevgelija, que era utilizada nos últimos dias pelos migrantes para passar ilegalmente da Grécia à Macedônia, segundo a France Presse. A a região é chamada de "terra de ninguém" pelas agências de notícias internacionais.
De acordo com a Associated Press, pelo menos oito pessoas ficaram feridas. O número de migrantes bloqueados na região aumentou na madrugada desta sexta-feira de 1.500 para cerca de 3.000 pessoas. Entre elas, estão crianças e bebês que passaram a noite ao relento. Com pouca água e sem comida, alguns comeram apenas milho colhidos nos campos da região.
A Macedônia declarou na quinta-feira (20) "estado de emergência" em suas fronteiras e mobilizou o exército para ajudar as autoridades locais e a polícia na "crise". O país acusa a Grécia de dirigir de forma organizada os migrantes em direção ao seu território, segundo a France Presse.
“Eu não sei por que eles estão fazendo isso conosco. Eu não tenho passaporte ou documentos de identidade. Eu não posso voltar e não tenho para onde ir. Vou ficar aqui até o fim ”, afirmou o iraquiano Mohammad Wahid à AP.
Quase 39 mil migrantes, a maioria sírios, passaram pela Macedônia no passado, o que representa o dobro do registrado no mês passado.
A Grécia registrou uma onda de imigrantes sem precedentes este ano. A maior parte dos estrangeiros fogem de conflitos na Síria e no Afeganistão. Mais de 160 mil chegaram de botes vindos da costa turca. Até julho 124 mil atravessaram o Mediterrâneo para chegar à Grécia, que enfrenta uma grave crise econômica.
A grande maioria busca fronteiras como a da Macedônia para conseguir chegar, enfim, a países mais prósperos da União Europeia, como a Alemanha, a Holanda ou os países escandinavos.
Na tentativa de conter o fluxo migratório, a Hungria está erguendo um muro de quatro metros de altura e 175 km de comprimento em sua fronteira com a Sérvia, para impedir a passagem dos estrangeiros.
Três outros países – Quênia, Arábia Saudita e Turquia – também estão reforçando as suas fronteiras para evitar a infiltração de jihadistas de países vizinhos como Somália, Iraque e Síria.
Fonte: G1