Opinião

Luz, Vida e Emoção: Uma Imersão Fotográfica no Coração do Pantanal 

Viver uma imersão fotográfica no Pantanal de Mato Grosso foi, para mim, mais do que uma experiência: foi uma reconexão com a essência da vida. Como apaixonada por fotografia, sempre acreditei no poder que uma imagem tem de capturar não apenas a luz, mas a alma de um instante. E ali, no meio da vastidão pantaneira, esse poder se revelou em sua forma mais pura. Foi um mergulho profundo na grandeza e perfeição da natureza, com um impacto avassalador na minha percepção sobre questões ambientais. 

Desde o primeiro momento fui cativada pela vastidão ininterrupta, onde o horizonte se funde com a riqueza de uma biodiversidade exuberante. Cada nascer do sol tingindo o céu de tons vibrantes sobre as águas calmas, cada piar de uma ave exótica e a imponente presença de vida selvagem, de jacarés e capivaras à espreita, me lembravam constantemente da complexidade e da fragilidade desse ecossistema. 

Cada clique era um mergulho em um universo de emoções, e tudo parecia conspirar para que aquele instante jamais se perdesse no tempo. A fotografia no Pantanal é mais do que registrar paisagens: é captar energia, vida pulsante e sentimentos que transbordam a lente e tocam o coração de quem vê. 

 Fotografar nesse contexto, deixou de ser apenas um hobby e se tornou em uma ferramenta para documentar a beleza e, ao mesmo tempo, refletir sobre a necessidade urgente de preservação. Consegui capturar a dança harmoniosa entre predador e presa, a resiliência da vegetação que resiste às cheias e secas, e a interação intrínseca de cada elemento que compõe esse bioma único. Cada clique não era apenas uma foto, mas um testemunho da vida selvagem em seu habitat natural, intocado e perfeito. 

A natureza, em sua perfeição, ensina sem palavras. No Pantanal, tudo se encaixa com harmonia: o ritmo das águas, o cantar das aves, a dança dos jacarés sob o sol. É um sistema que se autorregula com sabedoria ancestral, onde cada ser tem sua função e seu lugar. Ali, longe das interferências humanas, percebemos o quanto a vida é sábia quando deixada em paz. 

O homem pantaneiro carrega nos olhos o reflexo das águas e no coração a sabedoria herdada dos ciclos da natureza. Ele não aprendeu com livros, mas com o tempo, esse mestre silencioso que ensina pelos ventos, pelas cheias, pelos cantos das aves e pelos rastros deixados na terra molhada. 

Sabe, como poucos, decifrar o céu antes da chuva, o voo baixo do tuiuiú, o silêncio repentino da mata. Reconhece o chamado do jacaré, o sussurro das folhas quando algum animal se aproxima, e o momento certo de plantar, colher ou simplesmente esperar. 

É um guardião intuitivo, que vive em harmonia com aquilo que a maioria esqueceu de observar. Sua vida pulsa no compasso da natureza, e sua sabedoria é feita de respeito, escuta e presença. Em cada gesto seu, há poesia. Em cada silêncio, uma lição. 

Estar naquele santuário foi também um exercício de respeito e contemplação. A fotografia tornou-se ferramenta de preservação, não apenas visual, mas também de consciência. Ao eternizar momentos únicos, pude também contribuir para que mais pessoas conheçam e valorizem esse patrimônio natural, tão precioso e frágil. 

Voltei dessa imersão fotográfica não apenas com um cartão de memória cheio de fotos incríveis, mas com uma nova perspectiva e um senso de propósito. O Pantanal me ensinou que a natureza não é apenas um cenário, mas um organismo vivo e interconectado. 

Carrego comigo não só imagens, mas memórias que me transformaram. A imersão fotográfica no Pantanal reafirmou em mim a certeza de que fotografar é mais do que ver com os olhos, é sentir com a alma e traduzir em imagem aquilo que, muitas vezes, as palavras não alcançam. 

Agradeço a oportunidade, acolhimento e ensinamentos aos professores da fotografia @amaurysantosfotografo, @marceloborges, a Pousada do Rio Claro (Rodovia Transpantaneira) e ao sr Benedito (piloteiro e guia) com sua experiência e paciência de homem pantaneiro, que tornaram tudo possível e agradável. 

Vale muito a pena a experiência.Forma 

Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial.

Foto capa: Reprodução/Divulgação

Olinda Altomare

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Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial.

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