Rosana Campos Leite Mendes me presenteou com “Luz, câmera, mesa e ação: o cinema brasileiro na cozinha”. O livro, com um primoroso projeto gráfico, é de Berê Bahia que oferta um guia filmogastronômico. Para cada um dos filmes, todos nacionais, uma saborosa receita culinária pode ser degustada, feita pela própria baiana. Assim, entre os filmes indicados, o de Bruno Barreto “Dona Flor e seus dois maridos” (1976) é acompanhado pelo prato “Trio de purês”. Os ingredientes básicos são maçã, cenoura e batata, que formam purês e que, quando prontos, são colocados lado a lado em uma mesma travessa. Por cima do prato, uma flor vermelha dá o toque especial.
Convido a amiga Rosana, inspirada na espetacular proposta de Berê, para uma sessão de cinema brasileiro na cozinha. A seleção será de “Filmes sobre índios do Brasil”, elaborada por Gustavo Menezes e acompanhada pela culinária de etnias do Mato Grosso. Ainda que o ministro da Justiça tenha criticado os índios ao afirmar que “terra não enche barriga”, todos os ingredientes são cultivados em suas terras. O filme da noite será “Xingu” (2012), dirigido por Cao Hamburger, que tem como cenário o Planalto Central nos anos de 1940, quando três irmãos, os “irmãos Villas-Bôas”, alistam-se na Expedição Roncador-Xingu, a Marcha para o Oeste, criada por Vargas para incentivar a ocupação dos sertões.
Diante da tela, servirei à Rosana chicha de mandioca à Nambiquara, com tanajuras cruas e gafanhotos ao dente, levados à boca com palitos ou com as próprias mãos. Depois, beiju de mandioca com matrinxã moqueado com pimenta do xinguana, de sabor e odor picantes, servidos no belíssimo prato de cerâmica Waurá que conserva os alimentos quentes por um tempo maior. Ao finalizar a noite, de sobremesa, entremeada aos comentários sobre os Villas-Bôas no Xingu, uma pasta cozida de pequi com castanhas-do-pará, servidas em pratos de palha, tal o costume Bororo,
E se a convidada gostar da noite, poderemos marcar outro encontro, a enlaçar filme nacional indígena e outras iguarias de sua cozinha.