Cidades

Luxo hoteleiro é raridade, mas 6 estrelas estão a caminho

Mesmo as instalações consideradas de alto padrão ficam devendo na comparação internacional, segundo especialistas. Dados recentes do IBGE confirmam a escassez de hotéis de luxo no país: 85% são de médio e baixo conforto.

Responsável pela acomodação de delegações e atletas da Copa do Mundo e por pré-reservas iniciadas em 2007, o escritório Match Services/Fifa também já percebeu o problema. Este disse ao GLOBO que a demanda por acomodação de luxo pode exceder a oferta devido ao fascínio que o Brasil exerce nos fãs de futebol.
 
Para especialista, setor de turismo ficou ‘ao deus-dará’
 
Depois de pelo menos 20 anos de atraso, somente agora os grandes grupos de luxo aportam no Brasil. O Rio é um dos principais alvos. Mas o quadro ainda não deve mudar a curto prazo, segundo Diogo Canteras, sócio da consultoria especializada Hotel Invest:
 
— Estamos vendo o início da mudança de tendência. É uma promessa alvissareira.
 
O grupo Mandarin Oriental, de empreendimentos de luxo na Ásia, informa que está prospectando o lugar ideal para o seu primeiro hotel brasileiro. As candidatas são Rio e São Paulo. Um seis estrelas está em negociações para abrir as portas no Rio, que receberá um Grand Hyatt na Barra da Tijuca em breve.
 
Em 2009, uma das cadeias de luxo mais importantes do mundo, o Four Seasons, escolheu um brasileiro para o cargo de diretor de Desenvolvimento para América Latina e Caribe. Alinio Azevedo tem a tarefa de eleger o local do primeiro exemplar brasileiro da rede. As conversas já estão avançadas, e o grupo pode não apenas erguer um hotel no Rio ou São Paulo como construir um resort no Nordeste. Embora não confirme oficialmente, o Aman Resorts, do Sri Lanka, também estaria em tratativas no Nordeste.
 
O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, diz que o país nunca teve demanda por estabelecimentos de alto luxo e, por isso, só agora há oferta. Segundo ele, o ambiente de negócios para esse tipo de empreendimento no país ainda não é muito fácil.
 
Para Canteras, o setor de turismo foi deixado “ao deus-dará no Brasil”. Bangcoc, por exemplo, tem 37 hotéis de alto luxo, e o o Rio, cinco, segundo a FBHA. Os vizinhos Argentina, Peru, Colômbia e Uruguai são velhos conhecidos das listas dos melhores do mundo.
 
— Nossos grandes estrelados têm 30 anos de idade — diz Canteras.
 
Ícone brasileiro, o Copacabana Palace não está nos rankings dos melhores do mundo, mas é o preferido das celebridades estrangeiras que vêm ao país. O hotel, que agora pertence ao grupo Orient Express, dará início a uma série de reformas. Ao GLOBO, a gerente-geral do Copacabana Palace, Andrea Natal, conta que 150 dos 239 apartamentos já estão bloqueados para a Copa:
 
— Quando reabrirmos, teremos um produto que poderá rivalizar com qualquer hotel de luxo europeu.
 
Entre os problemas apontados pela FBHA, o principal é a falta de financiamento. A cotação do dólar também é vilã, ao encarecer terrenos e tarifas.
 
— O custo Brasil implica diárias não muito baratas em relação a outros países — diz Sampaio.
 
Investidores preferem apart hotéis, mais baratos
 
A Embratur oferecia linhas especiais para construir hotéis até o fim da década de 70. Hoje, explica Canteras, os hotéis são feitos com capital próprio, usando uma brecha na lei que permite a construção de apart hotéis por um pool de investidores individuais. Segundo ele, cerca de 70% dos quartos do país são apart, o que explica a ausência de empreendimentos de luxo:
 
— Um quarto de um seis estrelas pode custar entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão. Investidores individuais estão dispostos a pagar no máximo R$ 350 mil.
 
Também falta espaço. Segundo Canteras, as áreas nobres da costa do Rio, por exemplo, já estão tomadas. De olho nisso, a Prefeitura acaba de aprovar um pacote legislativo que inclui mudanças urbanísticas na cidade e benefícios fiscais para atrair esses investimentos.

Fonte: OGLOBO

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.