Já se passaram cinco meses desde que Mauricio Sousa Costa, de 34 anos, desapareceu após ser abordado por policiais do Batalhão Rotam, em Várzea Grande (região metropolitana de Cuiabá), e até o momento, não há informações sobre o seu paradeiro. A Polícia Militar já trabalha com a hipótese de morte e seis servidores da especializada são investigados.
Conforme informações, foram realizados exames periciais na viatura da Rotam, VW Amarok (placa RAL2G72 Brasil) no dia 12 de agosto. Foi solicitado a busca por vestígios de sangue, fluídos e outros que apontassem a prática de crimes no interior do veículo. Durante inspeção, nada visível foi encontrado.
Entretanto, o perito usou o reativo químico luminol que apontou manchas de sangue ocultas no local de transporte de presos, conhecido também como ‘camburão’. O produto possui alta eficácia, sendo possível a detecção de sangue mesmo que já tenham se passado seis anos da ocorrência.
Sendo assim, somente com esta perícia feita com luminol não é possível apontar que o sangue seja de Maurício ou de outros presos que foram transportados no mesmo compartimento. Por causa disto, com auxílio de swab’s, foram coletadas amostras e enviadas para a Diretoria de Laborotório Forense, para confronto de DNA.
A Politec também realizou o mesmo exame na viatura Ford Ranger branca, (placa OAY – 5292). Neste veículo, a perita não encontrou manchas visíveis, nem mesmo o luminol apresentou reação quimioluminense em nenhuma das partes pesquisadas.
Corregedoria investiga
O caso é investigado em Inquérito Policial Militar (IPM) da Corregedoria Geral da Instituição. No dia do desaparecimento, dois policiais da Inteligência apuravam uma denúncia de que alguns criminosos da região pretendiam cometer ataques a ônibus e viaturas.
Além disso, há informação de que Maurício teria armas, inclusive fuzis. Os militares da especializada também afirmaram ter informações de que as armas poderiam estar enterradas em uma chácara no bairro Jardim das Oliveiras.
No entanto, Maurício não estava na lista dos criminosos investigados nos supostos ataques e mesmo assim foi abordado pela Rotam, que afirma ter liberado o homem. Ainda conforme o líder do serviço do dia, Maurício teria apresentado informações desconexas e dito que estaria com Covid-19.
O tenente diz que a equipe temia ser contaminada e por não constar mandado de prisão em aberto, decidiu liberá-lo. Mas conforme apurado pelo Olhar Direto, Maurício tinha problemas respiratórios, inclusive já teria passado por uma cirurgia e deveria passar por outra no final deste ano.
Ao longo das oitivas, foram ouvidos o tenente João Batista de Almeida Dorileo Júnior (que liderava o serviço do dia), sargento Orciene dos Santos, cabo Raffael Garcia Marvulle, soldado Donizeta Barbosa Ricarte, cabo Luis Fernandes da Silva, soldados Jonathan Carvalho de Santana e Marcos Antônio da Cruz.
Na data do primeiro depoimento dos militares, os soldados Jonathan e Marcos não comparecem, pois estariam em viagem a serviço. Um documento foi enviado pelo comandante do Batalhão informando a situação.
Na data prevista para análise da Ford Ranger, a viatura não foi levada ao local pois estaria em manutenção.
No dia 17 de agosto, a Corregedoria também solicitou a presença dos soldados Marcos e Jonathan novamente para serem ouvidos, mas nenhum deles compareceu.
O advogado Ricardo Monteiro pediu a suspensão pois estava em exame médico. Procurado pela reportagem para comentar o assunto, o defensor disse que só irá se posicionar nos autos do processo.
Maurício, que também era conhecido como Liu, desapareceu no dia 17 de julho no bairro Parque do Lago. O carro que ele estava, um Prisma Joy foi encontrado carbonizado na comunidade rural Santa Clara, em Santo Antônio do Leverger (a cerca de 30 quilômetros de Cuiabá), dois dias depois.
A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) aponta que o carro de Maurício foi incendiado propositalmente. Em 12 de agosto, foi solicitado o exame de DNA para confronto genético, pois em uma das viaturas da PM foram encontradas presença de sangue com luminol.
Os pais de Maurício estiveram na sede da Politec em 17 de agosto, onde fizeram coleta do material, porém até o momento, o resultado não ficou pronto.
Questionada sobre exame de DNA, a Politec justificou dizendo que a demora se deve complexidade do exame, aliado à alta demanda de solicitações de exames de DNA e a capacidade de processamento no laboratório forense da Politec.
No momento, não há previsão de conclusão.