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Lucro dos materiais recicláveis não vem das latinhas, afirmam catadores da CooperCBA

A crença de que o principal lucro das cooperativas de reciclagem vem das latinhas de bebidas é, segundo os próprios catadores, um equívoco. Na CooperCBA (Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Cuiabá), a presidente Luzimeire de Jesus Santana explica que o peso leve das latinhas faz com que seja necessário acumular uma grande quantidade para gerar retorno financeiro significativo. O verdadeiro lucro, segundo ela, vem de materiais mais pesados, como garrafas PET e objetos metálicos, a exemplo de torneiras e cadeiras velhas.

Fundada em 2019, a CooperCBA nasceu de uma iniciativa comunitária, quando Luzimeire e alguns colegas começaram a separar materiais recicláveis no fundo de uma casa. Com o tempo, o grupo conseguiu alugar um barracão no Distrito do Sucuri, mas precisou deixá-lo. A partir daí, a cooperativa firmou uma parceria com uma empresa privada que recolhe os materiais, garantindo maior estabilidade na operação e continuidade do trabalho.

A regularização da cooperativa só foi possível graças ao apoio da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso (DPEMT), por meio do Grupo de Atuação Estratégica em Direitos Coletivos (Gaedic) em atenção aos Catadores de Materiais Recicláveis. O grupo auxiliou na formalização da parceria com a empresa privada e na documentação dos nove cooperados, além de contribuir para a locação do novo barracão. Atualmente, a CooperCBA processa cerca de 30 toneladas de recicláveis por mês, contribuindo significativamente para a limpeza urbana e o cuidado ambiental.

Criado em 2020, o Gaedic Catadores tem como missão oferecer suporte jurídico, educacional e organizacional aos trabalhadores do setor. O grupo ajuda catadores a se formalizarem em associações e cooperativas, promove cursos de capacitação e atua para garantir o acesso a políticas públicas. Segundo a defensora pública e coordenadora do Gaedic, Kelly Christina Monteiro, o trabalho visa dar legitimidade social e fortalecer o diálogo entre os catadores e o poder público.

Para reforçar a conscientização sobre o tema, a Defensoria Pública de Mato Grosso realiza a campanha “Fato ou Fake: Reciclagem”, entre outubro e novembro. A iniciativa busca esclarecer dúvidas da população sobre coleta seletiva e materiais recicláveis, por meio de vídeos educativos protagonizados pelos próprios catadores. A ação destaca a importância do conhecimento e da valorização desses trabalhadores, fundamentais para o funcionamento da cadeia de reciclagem e para a sustentabilidade nas cidades.

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