Abandonado há mais de três meses, o Centro Oficial de Treinamento (COT) da Barra do Pari, em Várzea Grande, está servindo de ponto para usuários de drogas e criadouro do mosquito da dengue. Com mais de R$ 31 milhões gastos, o estádio, que serviria para local de treinamento das equipes no Mundial em 2014, não foi entregue e após atrasos e questões trabalhistas foi deixado a sua própria sorte.
A reportagem do Circuito Mato Grosso esteve no local e registrou a falta de segurança e os problemas na estrutura inacabada. Mato, ferrugem, entulhos e restos de obras compõem o cenário do COT que receberia equipes campeãs mundiais. Até as cadeiras que seriam instaladas nas arquibancadas, com capacidade estimada de 3 mil lugares, apodrecem junto a poeira, infiltrações e barro.
O gramado que é o mesmo da Arena Pantanal, com o custo de R$ 300 mil, se degrada com pragas, lagartas e falta de manutenção. No final de fevereiro, o presidente do Operário várzea-grandense, Geovane Banegas, junto de sua equipe, esteve no COT para limpar e tratar o gramado. Mas a Engeglobal, empresa responsável pela estrutura, impediu que a equipe continuasse a limpeza. “Isso é um absurdo, deixar um gramado dessa importância se deteriorar por falta de cuidados. Essas obras saíram do bolso do contribuinte e não podem ficar esperando”, reclamou o presidente.
Conforme Banegas, o local está largado desde o fim do ano passado. “Nós chegamos aqui e precisamos expulsar usuários de drogas, para poder limpar o lugar. Mato, larvas e muito lixo. Isso deixa qualquer um desanimado com o poder publico”, reclamou. O dirigente do Operário também comentou sobre a auditoria que o governo estadual está realizando. “Não há tempo para aguardar investigações e auditorias. Enquanto se espera, já se passaram três meses e a obra sofre com a chuva e o sol”, afirmou.
Estrutura prevista
Projetado inicialmente para ser um estádio com 10 mil torcedores, o COT Barra do Pari teve estrutura adaptada e modificada para cerca de 3 mil pessoas. Ao longo dos quase dois anos de obras (entre idas e vindas), vários pontos são apontados para justificar o atraso, desde falta de repasses a greve de operários, passando ainda por pouco material no canteiro de obras e mudança de projeto. Outras questões trabalhistas da empresa Engeglobal com os operários, que entraram em greve cobrando até os direitos mínimos.
Quando, e se for finalizado, poderá ser cedido à Prefeitura Municipal de Várzea Grande, que fará a gestão do local. O Operário garantiu que lá será sua nova casa para mandar jogos do Campeonato Mato-grossense. A ideia seria jogar no COT ainda na Série D 2014 do Campeonato Brasileiro, mas a tentativa foi em vão. Atualmente o tradicional clube tenta junto ao governo a ‘guarda’ do local.
O COT Barra do Pari deverá se chamar Centro Esportivo de Várzea Grande e quando ficar pronto terá salas de imprensa, cabines de transmissão, vestiários, camarotes, 250 vagas de estacionamento, lounge, salas de musculação e fisioterapia, alojamentos, lavanderia, cozinha, refeitório e restaurante.
Outro Lado
A secretaria de Cidades, através do secretário Ciro Rodolpho Gonçalves, disse que o governo irá aguardar o resultado da auditoria das obras para recomeçar os trabalhos no local. “Precisamos saber em que fase o COT do Pari se encontra, os contratos pagos e os a pagar, entre outras informações. Enquanto isso, o governo está priorizando as obras de maior importância para Cuiabá e Várzea Grande”, disse por meio da assessoria de imprensa.
Em relação ao cuidado com o gramado, a secretaria explicou que não será permitida a entrada de pessoas no COT. “Enquanto a obra não for oficialmente entregue pela empreiteira, não é permitida a entrada de ninguém. Até mesmo por conta da segurança, pois o local está em obras e oferece risco às pessoas”, explicou por meio de nota.
A reportagem do Circuito Mato Grosso tentou encontrar um posicionamento e uma análise dos problemas detectados, mas a empreiteira Engeglobal não atendeu aos telefonemas e emails enviados pela redação do jornal.