Cidades

Liderança fragmentada e povo prejudicado

Foto Ednei Rosa

A paralisação dos caminhoneiros e empresários do transporte de carga, que vem pressionando o governo nacional, expôs novamente a dependência do Brasil em relação ao deslocamento rodoviário em detrimento de outras alternativas, com a ferroviária, aérea e aquática. Iniciada no dia 13 de fevereiro de 2015, e encerrada oficialmente na última segunda-feira (2), a “greve” vem dividindo opiniões, uma vez que nem mesmo todos os profissionais que utilizam caminhões como forma de renda têm as mesmas demandas.

Entre as principais reinvindicações dos caminhoneiros e empresários está o frete, o valor pago a essas pessoas para realizarem o serviço de transporte de mercadorias pelas rodovias (considerado baixo), o aumento do preço do óleo diesel e a falta de manutenção das estradas do país.
 
Para o presidente do Sindicato dos Motoristas Profissionais e Trabalhadores em Empresas de Transporte Terrestre de Cuiabá e Região (STETT/CR), Ledevino Conceição, apenas a manutenção das estradas merece destaque entre as reivindicações. Segundo ele, o governo estadual faz mau uso das verbas do Fundo de Transporte e Habitação (Fetabh), repassando a outras áreas investimentos que deveriam ser utilizados nas rodovias.

“Sob ponto de vista dos trabalhadores, há uma desvalorização da classe. As condições de trabalho são péssimas e o risco de acidente é sempre presente. Ponto de apoio para descanso em Mato Grosso não existe e somos assaltados frequentemente nas estadas”, afirma.

Condições essas que podem piorar a vida dos motoristas profissionais. A sanção da “Lei dos Caminhoneiros”, assinada pela presidenta Dilma Rousseff na segunda-feira, estabeleceu diretrizes que confrontam o próprio Código de Trânsito, como a tolerância de 10% acima do peso que o caminhão pode suportar, além de pedágio gratuito para caminhões vazios e o aumento de horas extras permitidas aos trabalhadores – ações que beneficiam empresas, mas que deixam os trabalhadores ainda mais vulneráveis.

Em contato com assessoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte de Carga (CNTTT), órgão de Brasília e que congrega mais de 5 milhões de profissionais, o que ocorreu nas últimas semanas não foi uma “greve” e sim um “locaute”, isto é, quando o profissional, sob iniciativa do empresário ou proprietário do negócio, deixa de ter à sua disposição as ferramentas de seu trabalho.

“O principal objetivo desta vez é pressionar o governo para não vetar artigos da lei, que são totalmente inconstitucionais. Os caminhoneiros deixaram de atender as demandas e fazer parte da classe de trabalhadores e passaram a ocupar a categoria dos patrões. Essa legislação transcende os direitos do bem-estar do cidadão brasileiro”.

Leia a reportagem na íntegra

Diego Fredericci

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