A Líbia interceptou nos últimos três dias várias embarcações lotadas de africanos que tentavam chegar à costa da Itália, detendo mais de 600 imigrantes, disse um representante do gabinete de imigração do país nesta terça-feira (21).
O país do norte da África, assolado pela violência e o colapso da autoridade governamental quatro anos após a derrubada de Muammar Gaddafi, se tornou um dos principais centros de ação para traficantes de humanos, que dali embarcam os imigrantes africanos para a Itália.
As forças de segurança líbias detiveram cerca de 70 africanos em Trípoli nesta terça-feira, enquanto aguardavam por traficantes para serem colocados em barcos com destino a Lampedusa, disse à Reuters um alto representante do gabinete de imigração líbio na capital.
Ao menos dois barcos –um lotado com cerca de 250 pessoas de Senegal, Gana e Etiópia, entre outros países africanos, e outro repleto de etíopes e eritreus – foram interceptados nos últimos três dias, ambos navegando para fora da Líbia.
Os imigrantes capturados são colocados em centros de detenção líbios frequentemente lotados, onde seguem detidos algumas vezes por meses, segundo grupos de defesa dos direitos humanos.
No último domingo, uma embarcação com até 900 pessoas naufragou na costa da Líbia, enquanto tentava chegar à ilha italiana de Lampedusa. Com base em relatos da maioria dos sobreviventes, entrevistados por representantes representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM), após sua chegada na Itália nesta segunda, pode-se dizer que 800 pessoas morreram no naufrágio. O capitão do barco e um membro da tripulação foram detidos.
Mais de 36 mil pessoas já tentaram cruzar o Mediterrâneo este ano, segundo a ONU, a maioria usando a Líbia como ponto de partida, e estima-se que cerca de 1.800 delas tenham morrido na travessia.
Combate ao tráfico humano
Os guardas costeiros da Líbia têm poucos recursos para combater o tráfico humano, e dependem de barcos pesqueiros e rebocadores.
A União Europeia já ajudou a treinar e equipar a Guarda Costeira da Líbia, mas a deterioração das condições de segurança forçou a equipe treinada internacionalmente a deixar o país.
Um governo líbio autoproclamado que controla Trípoli apelou aos países ocidentais para ajudar a combater o tráfico de pessoas, mas as potências europeias ignoram o governo, que tomou o poder após um grupo armado ter invadido a capital em agosto.
A comunidade internacional reconhece o governo que fica no leste do país, desde que perdeu o controle da capital no ano passado.
Na segunda-feira, a União Europeia propôs dobrar o tamanho de suas operações de busca e resgate no Mediterrâneo. Uma decisão de reduzir as operações navais no ano passado parece ter resultado no aumento do risco para os migrantes, sem que isso tenha reduzido o número de pessoas que tentam a travessia.
Fonte: G1