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Levantamento do Dieese indica precarização do mercado de trabalho em Mato Grosso

Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indica precarização do mercado de trabalho em Mato Grosso. As taxas de desocupação, desalentados e de profissionais que procuram trabalho a mais de cinco meses subiram 1%, 1,8% e 8,9%, respectivamente, entre os anos de 2014 e 2022. Além das dificuldades econômicas enfrentadas pelo país, a pandemia é apontada como determinante para a piora do quadro.

Conforme o relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mais recente, divulgado em novembro, o estado teve o pior saldo do país entre admissões e demissões de trabalhadores. Ao todo, foram 4.252 empregos perdidos. Segundo a economista Aniela Carrara, muitos setores, como a indústria, sofreram com desarranjos na cadeia global de suprimentos nos últimos anos, o que prejudicou a contratação de novos profissionais.

Para a especialista, o mercado está aquecendo de forma gradativa, especialmente no setor de serviços. No entanto, ela frisa que as condições oferecidas, em muitos casos, ficam muito aquém das desejadas. “É um segmento que consegue gerar vagas de forma acelerada por exigir menos escolaridade e pagar salários mais baixos”, comenta Aniela.

Mesmo com o aumento do contingente a procura de trabalho, a conjuntura local poderia ser pior. Isso porque o estudo comparativo do Dieese aponta que o rendimento médio real em Mato Grosso subiu 11,2% nos últimos oito anos – o maior patamar entre todos os estados da região Centro-Oeste.

Informalidade puxa queda na desocupação

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) divulgada nesta semana mostra que a taxa de desocupação foi de 8,1 pontos percentuais no trimestre encerrado em novembro de 2022, queda de quase 1 p.p. frente aos três meses anteriores (8,9%) e a menor desde o trimestre até abril de 2015.

O que parece ser um indicativo de recuperação do mercado, no entanto, escancara outro grande gargalo do setor: a informalidade. De acordo com a coordenadora do estudo e analista do IBGE, Adriana Beringuy, as quedas sucessivas da desocupação se deram em função da expansão de profissionais trabalhando sem carteira assinada.

Trabalhador precisa "se virar nos 30"

A nova realidade do mercado de trabalho leva a uma mudança profunda no perfil do trabalhador brasileiro, que até era dividida entre formais e informais. Agora, com os problemas econômicos provocados pela pressão dos juros e da inflação sobre o orçamento das famílias, boa parte dos profissionais passou a tirar o sustento atuando com carteira assinada e também por meio de atividades por conta própria.

“O arrocho salarial durante o pico da crise do coronavírus foi muito violento e as pessoas chegaram a perder cerca de 50% dos vencimentos. Com isso, ter uma segunda atividade para gerar renda extra deixou de ser uma prática opcional e se tornou quase obrigatória e, infelizmente, não mais para bancar lazer e supérfluos, mas sim para manter o padrão de consumo diante da avalanche de aumentos sobre produtos e serviços”, diz o economista Edisantos Amorim.

A solução “emergencial”, contudo, pode se tornar uma aposta de sucesso no campo do empreendedorismo. Na visão do especialista, esse tipo de movimento pode trazer bons resultados em médio e longo prazos caso o trabalhador saiba aproveitar as oportunidades para crescer em uma nova área de atuação.

“Há muitos cases de pessoas que tem um trabalho CLT durante o dia e que trabalham dando aulas, vendendo comida, entre outras atividades, em outros horários. A partir daí, é preciso saber explorar todas as possibilidades para obter êxito”.

Redação

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