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A tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, acusada de torturar o ex-aluno soldado Rodrigo Claro, que morreu durante o curso de formação de soldados, irá responder internamente o Conselho de Justificação Militar. Caso a conduta dela seja considerada irregular e fora dos padrões militares ela poderá ser exonerada pelo governador Pedro Taques (PSDB).
O Conselho de Justificação é composto de três oficiais da ativa, de posto superior ao justificante. O membro mais antigo do Conselho de Justificação, no mínimo um oficial superior da ativa, é o presidente; o que lhe segue em antiguidade é o interrogante e relator; e o mais novo, o escrivão.
O processo para abrir o conselho para julgar a tenente já foi solicitado pelo Corpo de Bombeiros, porém o julgamento e decisão só saem após a condenação ou não da tenente que será julgada pelo crime de tortura na morte de Rodrigo Claro.
O promotor de Justiça Allan Sidney Souza, que atua perante a Justiça Militar, considerou, na terça-feira (21), a 11ª Vara Militar da Capital como incompetente para a instrução e julgamento do processo. Segundo Souza, várias testemunhas deram sustentação “sólida e incontestável” atestando que o crime não se trata de um caso militar.
“Não estamos a tratar de um crime militar, senão de um crime de tortura. Logo, em hipótese alguma, tais fatos devem ser processados e julgados pela Justiça Militar”, declarou o promotor.
Após o julgamento da Justiça, ela tem direito a justificação e a conduta dela como militar será avaliada. Ela terá direito a defesa e provar que as provas colhidas durante o processo não prejudicou a imagem da instituição e sua conduta não está fora do regimento interno.
Depois disso, o parecer é encaminhado ao governador do estado que irá avaliar o resultado do conselho, e a partir dai optar pela exoneração ou não da oficial. Caso o chefe do Estado ache que ainda faltam documentos, o conselho pode ser reaberto.
Promoção
A tenente Izadora Ledur que aualmente está trabalhando no Comando Geral do Corpo de Bombeiros, no setor admnistrativo, concorrerá a promoção a patente de capitã da instituição. Segundo a assessoria dos Bombeiros, pela legislação ela não pode ficar de fora da promoção, tendo em vista que, Izadora ainda não foi punida e julgada por nenhum crime.
O nome dela está entre os que concorrem a subir de patente, no entanto, de acordo com a assessoria, a tenente pode acabar não sendo escolhida. Para ser promovido o membro dos Bombeiros precisa concorrer a outros requisitos, como o teste de aptidão física (TAF), avaliação do profissional, comportamento, desvio de conduta, entre outros.
O caso
10 de novembro de 2016 e o cenário era a Lagoa Trevisan, em Cuiabá (MT). Alunos realizavam treinamento do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso. Tudo corria normalmente, até que um dos alunos sentiu-se mal e foi liberado do treino.
Era o jovem Rodrigo, que morreu após cinco dias internado no Hospital Jardim Cuiabá, na capital. Ele deu entrada no hospital com aneurisma cerebral após ter recebido uma série de afogamentos durante o curso, segundo a família.
O jovem já havia comunicado com sua mãe sobre a conduta da oficial com ele. Rodrigo afirmou que ocorreram outros casos e que as sessões de afogamento eram comuns. Outros alunos que estiveram no curso, confirmaram a perseguição da tenente com o então aluno.