Foto: Ahmad Jarrah
Um morador de rua ainda não identificado foi encontrado morto por volta das 6h da manhã desta segunda-feira (5) na Praça Luiz de Albuquerque, no bairro do Porto, em Cuiabá (MT). A Polícia Técnica (Politec) informou ao Circuito Mato Grosso que o laudo do exame apontou o resultado como ‘causa indeterminada’ apesar das suspeitas de hipotermia.
Os peritos realizarão exames toxicológico e de alcoolemia, que identificarão se ele havia feito uso de algum entorpecente ou se foi por excesso de ingestão de álcool. A Politec informou também que há possibilidades de ser causa natural. Os resultados sairão em um prazo de três dias.
De acordo com os policiais da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) que atenderam o chamado, o homem trajava short, camiseta e uma blusa de frio. Não havia sinais de lesão em seu corpo e ele não portava documentos.
Inicialmente a suspeita era de que a vítima não teria aguentado as baixas temperaturas climáticas que Cuiabá tem enfrentado. De domingo para segunda-feira os termômetros marcaram 12 °C, com a sensação térmica de 10 °C, conforme o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPETC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Segundo informações de outros moradores de rua à polícia, o homem era conhecido como Poconé e trabalhava em uma fazenda. Informaram ainda, que ele estava na praça há uns quatro dias e fazia ingestão de bebida alcoólica.
Na praça do Porto, os moradores que estavam no local não quiseram tocar no assunto do colega que morreu. Mas, um homem de 43 anos, que quis ser identificado como Biribiu, reclamou da marginalização. “Você está vendo aquela pessoa ali andando? Aquele cara dentro do carro? Pois é, eles não veem a gente, nós somos invisíveis”, afirma Biribiu.
Em momento algum o homem reclama da vida que vive desde os nove anos de idade, mas sabe o mundo que vive. “Este é um mundo que eu não desejo nem para o meu pior inimigo, é um mundo escuro, não tem luz aqui e logo vamos pra escuridão de vez”, revelou.
Biribiu diz que a sociedade os julgam sem ao menos saber o que aconteceu em suas vidas. “Mesmo sendo morador de rua você não pode perder o caráter, o respeito. Nós ainda temos um pouco de felicidade. Muitos realmente não querem sair dessa vida, mas tem muitos que querem. Nós precisamos de serviço, respeito, dignidade e confiança”, conclui.