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Laudo de empresa diz que incêndio causou morte de peixes

O incêndio que atinge a empresa Ultracargo, no bairro Alemoa, em Santos, no litoral de São Paulo, desde a quinta-feira (2), já causa impacto ambiental para o Canal do Estuário, segundo laudo da empresa, divulgado  pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Análises preliminares indicam que peixes da região morreram devido à poluição da água, que apresenta baixa oxigenação e temperatura elevada. A Cetesb não sabe informar quantos peixes foram mortos.

O incêndio na empresa Ultracargo começou por volta das 10h de quinta-feira (2). Seis tanques de combustível foram atingidos. Neste domingo (5), dois ainda permaneciam pegando fogo. A temperatura no local chega a 800°C. As causas do incêndio ainda são desconhecidas.

Até agora, quase cinco bilhões de litros de água do mar foram usados para combater as chamas Não há previsão para o término dos trabalhos.
Pelo menos 15 pessoas que trabalhavam no local, entre funcionários e bombeiros, precisaram de atendimento médico por inalar fumaça. Todas foram liberadas. Não houve mortos.

Contaminação da água
Segundo o gerente da Cetesb na Baixada Santista, César Eduardo Padovan Valente, o combate ao incêndio alterou significativamente a qualidade da água.

Isso ocorre porque o sistema de escoamento da água usada para conter as chamas é despejado no Canal do Estuário, contaminados com combustível.
"Mais expecificamente, foram a alteração da temperatura e a saturação de oxigênio na água. Foram esses fatores que motivaram a morte dos peixes", disse.

Neste sábado (4), a secretária do Meio Ambiente, Patrícia Iglecias, alertou a população sobre a aparição de peixes mortos na região. Ela recomendou que a população não consuma os peixes.

Ainda segundo Valente, os moradores da região próxima ao incêndio não precisam se preocupar com a fumaça tóxica. “Com relação a poluição no ar, os únicos que sofreram impacto por conta da fumaça foram as pessoas que estavam próximas ao local, que, no caso, seriam os bombeiros”, explicou.
Um equipamento do Exército, capaz de medir partículas suspensas no ar, foi colocado à disposição para analisar os efeitos da poluição, disse o coordenador estadual da Defesa Civil, José Roberto Rodrigues de Oliveira.

Evacuação
O Prefeito de Santos, no litoral de São Paulo, Paulo Alexandre Barbosa, procurou tranquilizar a população da cidade com relação a uma possível evacuação da área.

Ele solicitou apoio do Governo Federal, que disponibilizará também uma plataforma marítima da Petrobras para bombear água.

"Tínhamos um caminhão da Petrobras, agora teremos mais três caminhões chegando, além de outros três equipamentos de auxilio. O monitoramento naquele momento mostrou que não precisaria desses novos recursos, mas já não é a situação de agora. O momento mudou, o que não significa um agravamento", explica.

O Governo do Estado de São Paulo instalou neste sábado um gabinete de crise para acompanhar e tomar providências com relação ao incêndio. Fazem parte do gabinete o vice-governador de São Paulo, Márcio França, os secretários Saulo de Castro (Governo), José Roberto Rodrigues de Oliveira (Casa Militar), Alexandre de Moraes (Segurança Pública) e Patrícia Iglecias (Meio Ambiente), além do comandante do Corpo de Bombeiros, Marco Aurélio Alves Pinto, e do subsecretário de Comunicação, Marcio Aith. Também participam do gabinete o Prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, representantes da Secretaria de Meio Ambiente e da Defesa Civil da cidade, além da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb).

Segundo o vice-governador, a criação do gabinete de crise foi um pedido do governador Geraldo Alckmin. "A função desse gabinete é centralizar as decisões durante 24 horas por dia. Queremos integrar as três esferas de comando do governo", explicou Márcio França.

De acordo com a Defesa Civil de Cubatão, as equipes de plantão estão monitorando o município, já que as chamas e a fumaça estão direcionadas para a cidade. Nesta sexta-feira (3), duas pessoas acionaram as autoridades reclamando de fuligem na região do bairro Jardim Casqueiro. As unidades de atendimento de saúde emergencial da cidade não receberam nenhum caso relacionado a possíveis efeitos da fumaça do incêndio.

Desde a noite de sexta-feira, a Prefeitura de Santos envia mensagens via SMS ou por voz para 466 mil celulares e telefones fixos cadastrados junto a administração municipal. Na mensagem, os moradores eram avisados que o incêndio no bairro Alemoa estava sob controle e que a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental monitora permanentemente a qualidade do ar, além de avisar que o incidente não oferecia riscos à população.
O comandante da operação, Wagner Bertollini Junior, salientou que os tanques possuem um sistema para retirar o combustível, entretanto ele não funcionou. Alguns tanques chegaram a derreter por causa do calor. Os bombeiros usam água e espuma para amenizar a temperatura. "Os sistemas foram danificados e os tanques não estão podendo ser esvaziados por baixo. Então eles estão em uma situação quase que surreal porque eles continuam cheios em volta de um tanque pegando fogo. Essa que é a nossa grande dificuldade", diz.

O acesso de embarcações às áreas ao redor do incêndio na Ultracargo teve que ser limitado após o fogo se alastrar. "Os terminais de Santos próximos do incêndio estão fechados e o canal que dá acesso aos terminais de Cubatão também foi bloqueado por motivos de segurança, já que ele é estreito”, conclui o Capitão da Marinha Ricardo Gomes.

Resfriamento de tanques
Segundo os bombeiros, o foco dos trabalhos é no resfriamento dos tanques que ainda não foram atingidos. A temperatura média no foco principal do incêndio gira em torno dos 800ºC. Por causa do calor, os bombeiros ficam a uma distância de 100 metros do local das chamas para fazer a contenção do fogo. A água não é direcionada para as labaredas, já que o líquido evapora antes de atingir o chão por causa do calor.

A internauta Josilayne Carvalho registrou uma das explosões no local (veja o vídeo abaixo). Por volta das 18h10 de quinta-feira, uma nova explosão causou correria entre profissionais da imprensa e bombeiros, que precisaram se reposicionar.

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) informa que a área atingida fica fora do Porto e que enviou a sua Brigada de Incêndio da Guarda Portuária para ajudar no combate ao incêndio. Já o Corpo de Bombeiros afirma que equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), da Defesa Civil, da Sabesp e da Polícia Militar também acompanham os trabalhos.

Por causa do incêndio, a entrada do Porto de Santos, pela Via Anchieta, foi fechada. Seis navios que estavam atracados nos dois terminais próximos ao local do incêndio interroperam suas operações e foram retirados da região. Uma empresa, que fica a 2 km do local do incêndio, emitiu alerta para os funcionários deixarem a área devido ao risco de serem atingidos por destroços caso haja uma grande explosão.

De acordo com apuração da reportagem, 93 bombeiros trabalham no local, com apoio de 22 viaturas, sendo que oito delas foram enviadas da capital paulista.

A empresa
O local onde ocorre o incêndio abriga 175 tanques de capacidade de até 10 mil m³, cada um, em uma área de 183.871 m². A Ultracargo possui 58 tanques, com capacidade de até 6 milhões de litros, e armazena produtos como combustíveis, óleos, vegetais, etanol, corrosivos e químicos.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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