Por Thales de Paiva
Uma técnica extremamente minuciosa, utilizada para compor obras que exalam originalidade e beleza. É praticamente impossível ficar indiferente diante dos trabalhos de Lara Donatoni Matana, que podem ser apreciados em sua mais nova exposição: “Asas”, na Galeria de Artes da Casa Do Parque.
Utilizando lâminas de madeira reaproveitadas, a artista cria texturas tridimensionais bastante inusitadas. De longe, pode até parecer uma tela convencional, devido à precisão com que as peças são interpostas. De perto, a riqueza de detalhes e a precisão, impressionam tanto leigos quanto experts.
Ela lembra que começou a desenvolver a técnica em 2003, quando foram esboçados os primeiros trabalhos em lâmina. Aos poucos, o fazer artístico foi sendo conciliado com a ideia de sustentabilidade. “No começo eu não tinha essa preocupação ecológica, mas aos poucos fui percebendo como era importante utilizar a arte como uma ferramenta de conscientização. Não foi nada premeditado”, conta.
O resultado dessa inventividade não demorou a aparecer. Inicialmente, foi contemplada com a 42ª cadeira de escultora na Academia Brasileira de Belas Artes (ABBA). Pouco tempo depois, teve o reconhecimento elevado, passando a ocupar a 2ª cadeira. “Essa transição para a segunda cadeira foi um reconhecimento ainda maior. Isso foi possível porque é um trabalho que envolve pesquisa e inovação, e ultimamente é muito difícil conseguir inovar no meio das artes”, explica.
Impressões
Mesmo para o empresário Paulo Boscolo, que acompanha o trabalho da artista há muitos anos, desde quando ela trabalhava com óleo sobre tela, a nova exposição foi motivo de surpresa. “É impressionante como ela consegue criar trabalhos tão diferentes utilizando essa técnica. São obras que elevam o astral e enriquecem qualquer ambiente. Foi uma grande e positiva surpresa”, afirma.
A avaliação do artista plástico João Sebastião Costa, que ainda não conhecia o trabalho de Lara, foi igualmente positiva. “A impressão que ela transfere pra gente é de um trabalho meticuloso, profundamente artístico. Ela demostra uma geometria sensível, compondo e resolvendo muito bem o espaço. Ela de fato é uma artista, e de grande qualidade”, sintetiza.
“Eu acho que esta série surpreende, porque mesmo utilizando uma técnica em que ela já se consagrou, a Lara conseguiu renovar, trazer outra métrica, novos grafismos e explorar a estamparia das penas e das asas de uma maneira surpreendente. Aquele preciosismo, aquele detalhismo obsessivo continua, mas ela está mais corajosa com as cores, mais madura e mais delicada”, analisa o produtor cultural Luiz Marchetti.
Para a idealizadora da Casa do Parque, Flavia Salem, a artista e a exposição merecem grande atenção. "Conheci as obras da Lara há quase dez anos e foi amor à primeira vista. A capacidade de nos transportar para o tridimensional com a disposição dos pequenos filetes de madeira que nos dão a ilusão de movimento constante me encanta! As cores desta série nova vão dialogar com extrema perfeição com a nossa arquitetura rústica. É imperdível", pontua.
"Asas"
“A liberdade sempre me motivou muito. Sempre gostei de subir em lugares altos para ver a paisagem e desde criança tenho vontade de voar. Na busca da liberdade através da espiritualidade, o pássaro transmite essa ideia de transcender, se desapegar e viver o momento, com uma visão do todo. O pássaro vai pra outras dimensões que a gente não alcança, e é justamente essa expansão da consciência que eu tenho buscado.”
Serviço
A exposição segue aberta ao público até o dia 28 de novembro.
Onde: A Casa do Parque, localizada na Rua Severiano de Queiroz, 455, bairro Duque de Caxias, Cuiabá, nos fundos do Parque Mãe Bonifácia. A entrada é gratuita.