Agronegócio

Laboratório de Biotecnologia é ponte para o futuro

Foto: Reprodução

Por Assessoria

Em Rondonópolis, a 210 km da capital mato-grossense, um dos berços da cotonicultura no estado, está em andamento um projeto que tem tudo a ver com o futuro da produção algodoeira. Inaugurado em março de 2016, o Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do Núcleo Regional Sul sedia o Laboratório de Biotecnologia, que, além de colaborar com os projetos de melhoramento de algodoeiro e soja do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), participa ativamente da geração de novas tecnologias de algodoeiro visando o controle de pragas como o bicudo.

Construído por iniciativa dos cotonicultores associados à Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão), o Laboratório de Biotecnologia surpreende os visitantes ao utilizar tecnologias de ponta para a realização dos projetos de Biologia Molecular e Transformação Genética.

Segundo Alvaro Salles, diretor executivo do IMAmt, o Laboratório iniciou seus trabalhos – ainda na Unidade Experimental do Instituto em Primavera do Leste – atuando como prestador de serviços para os projetos de melhoramento do algodoeiro e da soja, conduzidos pelos pesquisadores Jean Louis Belot e Patrícia de Andrade Vilela (algodoeiro) e Alberto Boldt (soja). Esse trabalho continua sendo feito até hoje, assim como a certificação de pureza genética das sementes comercializadas pela Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio (Comdeagro).

"A certificação é realizada por meio de análises feitas com o uso de marcadores moleculares que atestam a pureza das cultivares IMAmt, evitando a comercialização de lotes de sementes com contaminação indesejada de tecnologias transgênicas, ou a presença de sementes sem a tecnologia pretendida", explica Leonardo Scoz, pesquisador que coordena o Laboratório de Biotecnologia.

No que diz respeito ao trabalho de melhoramento, segundo o pesquisador, a infraestrutura instalada no Laboratório de Biologia Molecular oferece a possibilidade de se analisarem milhares de plantas/amostras em poucos dias, agregando uma grande eficiência ao desenvolvimento de novas cultivares com resistência a determinadas doenças. Grande parte das plantas originadas após os cruzamentos realizados pelos melhoristas é processada e analisada geneticamente para a seleção rápida das plantas de interesse dos agricultores em atividade no atual sistema produtivo adotado em Mato Grosso, em que aproximadamente 80% do algodão é cultivado em segunda safra após a colheita da soja.

"O trabalho feito no laboratório elimina em grande parte a necessidade de se realizarem ensaios de seleção a campo e estufas, possibilitando grande economia de tempo e recursos, além de auxiliar na manutenção da pureza genética de materiais transgênicos ou convencionais", afirma Scoz.
 
Bicudo – Quanto ao projeto de Transformação Genética, um de seus principais objetivos é a participação efetiva na geração de novas tecnologias de algodoeiro resistente ao bicudo. Essa ação faz parte de um projeto maior, realizado com o financiamento do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e denominado Projeto de Plataforma de Pesquisa – Desenvolvimento de algodão resistente ao bicudo, que conta com a participação de pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (de Brasília – DF), da empresa israelense Evogene e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre outras instituições.

"O papel do IMAmt será a utilização de moléculas como genes e promotores, fornecidas pelos demais parceiros citados acima, para o desenvolvimento de plantas resistentes ao bicudo", informa o pesquisador Leonardo Scoz. Ele acrescenta que também caberá ao IMAmt estabelecer bioensaios com bicudo que possibilitem a seleção de plantas efetivamente resistentes à praga. "A intenção é selecionar plantas resistentes ao bicudo que possam ser levadas ao campo a longo prazo", explica.  Para a realização dos trabalhos, foram instaladas estufas no Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do IMAmt em Rondonópolis.

"O IMAmt está trabalhando em parceria com instituições de pesquisa de ponta em diversos projetos e um dos destaques é o desenvolvimento de novas tecnologias para controle do bicudo, considerado a maior praga da cotonicultura nacional", comenta Alexandre Schenkel, presidente da Ampa. Ele lembra que a necessidade de investimentos em pesquisas para solucionar os problemas decorrentes de uma virose (a doença azul) uniu os produtores de algodão na década de 1990 e acabou dando origem à própria Ampa. "A cultura de algodão é das mais complexas e exige que a pesquisa esteja em constante evolução e sintonia com as demandas do campo, de modo a garantir uma produção de pluma com qualidade, redução de custos, e responsabilidade social e ambiental".
 

Redação

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