A história de Kraven: O Caçador, em cartaz nos cinemas, é boa. É uma trama mergulhada em vingança, opressão e violência e conta a jornada de um rapaz criado por um pai (Russell Crowe) extremamente cruel. Ele trata mal os dois filhos e os menospreza.
É nesse cenário que o rapaz decide fugir, deixando pai e o irmão para trás, e começar uma nova vida como Kraven (Aaron Taylor-Johnson). Não é mais aquele rapaz assustado e oprimido pelo pai: agora, é um homem de habilidades sobre-humanas que protege os animais enquanto busca vingança num mundo violento. Uma mistura inusitada.
Há, porém, problemas evidentes de edição, com a história se estendendo mais do que deveria. E tropeços claros na transição do primeiro para o segundo ato, quando o roteiro rasteja sem rumo. Além disso, há uma enorme quantidade de vilões. No entanto, há algo de empolgante. Depois da primeira hora, Kraven mostra como ter um bom diretor faz diferença.
J.C. Chandor tropeçou em 2019 com Operação Fronteira, mas dirigiu três grandes filmes antes disso: Margin Call, O Ano Mais Violento e Até o Fim, com Robert Redford. Possui um domínio interessante da narrativa e sabe criar tensão mesmo com poucas palavras, como nas excelentes cenas de ação. É por isso que, mesmo com os problemas de ritmo e o excesso de vilões, Kraven: O Caçador convence. O personagem pode até ser um tanto inusitado, quase brega, como se fosse um Dr. Doolittle com esteroides. Mas você compra a relação tumultuada entre os irmãos e torce quando as coisas saem dos trilhos – e nada de forçar romances aqui, mesmo com a presença incoerente de Calypso (Ariana DeBose, sem vida em tela) numa quase tentativa de um amor para Kraven.