Opinião

KARIÓK E CARIOCA

Março começou em festa! No primeiro dia do mês, a cidade do Rio de Janeiro comemorou 450 anos de fundação. Tudo começou em 1555, com a invasão do litoral brasileiro pelos franceses. A “França Antártica” foi a tentativa de colonização de parte do atual município do Rio de Janeiro, onde foi erguido o Forte Coligny, no intuito de fundar uma colônia francesa. 

Portugal, em 1559, ordenou a Mem de Sá, governador geral do Brasil, a expulsar os franceses, pois aquelas terras eram garantidas pelo Tratado de Tordesilhas. Mas o feito de fundar a cidade do Rio de Janeiro ficou para Estácio de Sá, que se incumbiu de ocupar a região e expulsar definitivamente os invasores. Em 1º de março de 1565, após as lutas contra os franceses, Portugal se apossou das terras entre os morros do Pão de Açúcar e Cara de Cão, às margens da Baía de Guanabara. Assim que declarou fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, iniciou a construção de cercas e da fortaleza de São João. A vitória portuguesa contou com a astúcia de Arariboia, chefe indígena Temiminó, frente aos franceses que tinham os Tamoios como aliados. Eram muitos os índios que viviam no litoral da cidade. O cronista francês Jean de Léry informou que nessa época existiam milhares de índios ao redor da Baía da Guanabara, na encosta do Pão de Açúcar, Lagoa Rodrigo de Freitas, nos morros de Santa Tereza e Santo Antônio, nas ilhas do Fundão e do Governador, em Niterói e em tantos outros lugares. 

Hoje, pouco mais de 500 indígenas ocupam três Terras Indígenas no Estado Rio de Janeiro: Guarani de Bracuí, em Angra dos Reis, Araponga e Parati-Mirim, em Paraty. A Kariók ou Karióg, nome de uma aldeia e de um rio próximos à praia do Flamengo, não existe mais.
Ainda que os festejos de aniversário do Rio de Janeiro não tenham se lembrado da Kariók, o “Rio de Janeiro continua lindo”. Opa! “O Rio de Janeiro continua índio”. Comemoraram o jeito de ser dos cariocas, pessoas mescladas de índios, africanos, europeus, de diversas regiões do país… e de quem mais chegar!

 

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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