A Justiça de São Paulo vai usar o sistema de videoconferência na primeira audiência do casal Martins, acusado de matar e esquartejar o zelador do seu prédio, Jezi Lopes Souza, de 63 anos, em 30 de maio. Não será um julgamento. Trata-se de audiência de instrução, como é chamada a etapa do processo que precede um eventual júri.Com o nome técnico de "teleaudiência", a sessão começará a partir das 13h desta terça-feira (7) no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista.
O publicitário Eduardo Tadeu Pinto Martins, de 47, e sua mulher, a advogada Ieda Cristina Cardoso da Silva Martins, 42, são réus no processo que apura o assassinato de Jezi na capital paulista. Os dois ainda são acusados de matar o ex-marido dela, o empresário José Jair Farias, 57, em 2005 no Rio de Janeiro.De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ), o fórum possui uma sala de teleaudiência. Uma TV permite contato visual e sonoro em tempo real entre pessoas que estão em lugares diferentes. Para isso, basta que haja o mesmo sistema, com outro monitor, num local distante. A imprensa não poderá acompanhar a sessão.
Martins e Ieda estão presos preventivamente pelos homicídios. Ele está detido em Tremembé, interior de São Paulo, e ela, em Bangu, no Rio. O publicitário irá comparecer à audiência na Barra Funda, mas a advogada vai acompanhar a sessão por um televisor de dentro da prisão carioca.
Enquanto o publicitário deverá ser interrogado diretamente pelo juiz Rodrigo Tellini no fórum de São Paulo, a advogada, que estará no estado do Rio, poderá responder as perguntas do mesmo magistrado. A oitiva dos réus, no entanto, será a última etapa da audiência.Nesta terça-feira estão previstos, inicialmente, os depoimentos de 37 testemunhas, entre acusação e defesa.Depois de todo esse procedimento, o juiz vai interrogar Martins e Ieda e decidirá se eles devem ser submetidos a júri popular pelo assassinato do zelador. Existe a possibilidade de que os réus sejam ouvidos em outra data ainda a ser marcada.
Para a Polícia Civil e o Ministério Público (MP), o publicitário foi o executor do crime contra o zelador e a mulher o ajudou.Laudo do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que quem matou o zelador usou um serrote para esquartejá-lo em 17 partes. Souza foi morto no edifício onde trabalhava, na Zona Norte de São Paulo, e teve o corpo encontrado aos pedaços em 2 de junho, em Praia Grande, litoral paulista.Acusado de cometer o assassinato, o publicitário confessou ter tentado se livrar do cadáver queimando os pedaços na churrasqueira.
17 partes
O exame necroscópico aguarda os resultados de outros laudos complementares para tentar determinar a causa da morte do zelador. De acordo com o documento, ainda não é possível saber o que matou a vítima, porque as análises no cadáver foram prejudicadas pelo número de pedaços e o estado de decomposição. Novos testes foram solicitados à Superintendência da Polícia Técnico-Científica. Eles ainda não ficaram prontos.
Apesar de ter confessado o esquartejamento do zelador, Martins alegou que a morte de Souza foi acidental, após briga com troca de socos quando o funcionário entregava cartas no 11º andar. Segundo a defesa, o funcionário teria batido a cabeça e morrido no apartamento 111 onde o casal morava com o filho de 10 anos, no condomínio da Rua Zanzibar, no bairro da Casa Verde. Ieda e a criança não estariam no local na hora da confusão.
Câmeras de segurança do edifício gravaram o zelador ao sair do elevador, no andar dos Martins, e não aparecer mais. As imagens também mostram o publicitário e a advogada levando malas ao carro deles, que estava na garagem. Dentro de uma bagagem estaria o corpo do zelador. Apesar dessas filmagens, o publicitário inocentou a mulher.
Ele disse que levou a bagagem com o cadáver para Praia Grande. Lá, segundo sua versão, esquartejou a vítima com um serrote. A família do zelador registrou seu desaparecimento e a polícia passou a investigar o sumiço. No litoral, policiais o prenderam em flagrante queimando os restos mortais.Martins declarou que agiu sozinho. Ele alegou que a advogada não sabia de nada. Ieda também negou ter participado dos crimes.
G1