A Justiça Estadual determinou a restituição de uma carreta roubada por uma quadrilha especializada que atuou em Mato Grosso durante cerca de 13 anos. A decisão foi proferida pela juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Contra o Crime Organizado, no último dia 12 de agosto.
De acordo com o despacho, o pedido foi deferido após a Associação de Transporte de Cargas do Leste de Minas (Astranleste) ter comprovado e esclarecido alguns pontos ao Ministério Público Estadual. O veículo se trata de um SCANIA, modelo R124 GA NZ 420, ANO/FAB 2006/07.
A defesa da empresa apresentou toda a documentação solicitada informando ser de propriedade do presidente da Astranleste, Victor Mariano Garcia.
“Informou, ainda, que o veículo foi segurado na característica de mutualismo, contra roubo e furto. Com relação ao roubo do caminhão, alegou que a indenização foi paga pela empresa requerente à empresa FMV TRANSPORTES LTDA”, atestou Astranleste.
Operação Dublê
O veículo em questão faz parte das sete carretas apreendidas durante a deflagração da Operação Dublê, em agosto de 2010, pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
Na época foram presos três integrantes da quadrilha, que era composta por 14 pessoas, segundo a denúncia. São eles: Francisco Alcides Lopes Farias, o 'Paraíba'; Loidemar Silva Landefeldt, o 'Nico'; Naria Núbia de Souza Landefeldt; Salvador Ferreira de Jesus Júnior; Miguel Arcângelo Ferreira de Jesus; Marcelo Costa; Rudimar Silva Landfeldt; Joaquim de Jesus Ferreira; Reginei Luiz de Paulo; Ronaldo Medrado; Norisvaldo Belém de Amorim; Roberto Lucas Portilho; Marisa Felix de Lima e Luciano Aparecido Portilho.
O crime praticado pelo grupo consistia no roubo, adulteração de sinais identificadores de veículos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro.
Pelo tempo de atuação, os prejuízos foram estimados em torno de R$ 80 milhões. A investigação apontou, inclusive, a suspeitas da participação ativa de um dos líderes da organização criminosa PCC. Além disso, houve indícios de infiltração do bando no meio policial e na corrupção de funcionários públicos.
A operação foi realizada em várias cidades do interior como Rondonópolis, Jaciara, Paranatinga e Nova Ubiratã, além de cidades do Estado de Goiás e outros da Federação.
'Modus operandi'
A quadrilha, conforme apurado pelo GAECO, adquiria caminhões roubados e outros sinistrados com as mesmas características para adulteração e montagem para posterior venda. Estima-se que, para cada veículo, a quadrilha gastava em torno de R$ 70 mil para adequá-lo, vendendo-o em seguida por aproximadamente R$ 170 mil.
Para não levantar suspeitas, a organização criminosa alugava fazendas para promover as adequações necessárias nos veículos roubados.
Condenações
Até o momento apenas quatro integrantes da quadrilha foram condenados em um processo desmembrado da ação principal. Loidemar Silva Landefeldt, o 'Nico', recebeu uma pena de 15 anos de reclusão; Francisco Alcides Lopes Farias, o 'Paraíba', foi condenado a sete anos e sete meses; Salvador Ferreira de Jesus Júnior e Miguel Arcângelo Ferreira de Jesus a cinco anos e seis meses, cada um.
A ação penal de origem consta em segredo de Justiça.