Política

Justiça defere pedido de informação sobre suposto cartel no VLT de Cuiabá

 
Licitadas pelo governo de Mato Grosso por mais de R$ 1,4 bilhão, as obras estão sendo executadas por um consórcio do qual faz parte uma das empresas alvo de investigação por suposta prática de cartel nas licitações do metrô da capital paulista e do Distrito Federal.
 
A investigação realizada pelo Cade culminou na operação “Linha Cruzada” em julho, em parceria com a Polícia Federal (PF), que apreendeu documentos em dez empresas supostamente partícipes do esquema, incluindo a companhia CAF – responsável por fabricar os trens a serem implantados em Cuiabá e Várzea Grande. Documentos referentes ao VLT em Mato Grosso teriam sido apreendidos no conjunto.
 
Justiça
Assinada nesta sexta-feira (4) pelo juiz substituto da 1ª Vara Federal de Mato Grosso, Ilan Presser, a decisão determina que o Cade repasse ao MPE e ao MPF “cópias de relatórios e documentos, que tenham ligação, direta ou indireta, com a obra do VLT de Cuiabá e Várzea Grande”, bem como conteúdo de interceptações telefônicas e dados obtidos durante a operação Linha Cruzada. A operação contou com denúncias da empresa alemã Siemens, que faria parte do esquema de cartel em São Paulo e que acabou contribuindo com a polícia e com o Cade.
 
O pedido do MPE e do MPF foi motivado por informações levantadas pela operação da PF (a qual investiga também a licitação do metrô do Distrito Federal) reportando supostas irregularidades em licitações de metrô similares em outras partes do país, como Cuiabá. O esquema funcionaria para inflar os valores das obras e direcioná-las a seus partícipes.
 
No caso, a vitória do consórcio que atualmente executa a obra teria sido combinada porque o outro consórcio na disputa já teria sido privilegiado com licitações fraudadas em outra parte do país pelo mesmo grupo de grandes empresas.
 
“Restou amplamente divulgado pela imprensa a conjectura de que as empresas supostamente formadoras daquele cartel teriam combinado preços e resultados em certames espalhados pelo Brasil. Uma dessas obras seria o VLT de Cuiabá e Várzea Grande, cujo pedido de declaração de nulidade da avença, orçada em R$ 1.477.617.277,15, é objeto do presente processo”, registrou o juiz na decisão, mencionando o processo em que o Ministério Público questiona, desde agosto do ano passado, o processo de licitação do VLT. Devido a supostas ilegalidades na licitação, as obras já chegaram a ser suspensas pela Justiça em 2012.
 
 
 
Licitação
“O vencedor da licitação, para a obra na capital de Mato Grosso, seria conhecido um mês antes da conclusão do certame e teria ocorrido pagamento de propina no importe de R$ 80 milhões a membros do governo”, relembra o magistrado a respeito da denúncia feita à época.
Na decisão desta sexta-feira, além de determinar o fornecimento de dados do Cade sobre o que o órgão sabe a respeito da licitação em Cuiabá, a Justiça mandou o Consórcio VLT informar o status da obra, dizendo se os vagões já foram entregues e se os pagamentos já foram todos feitos à CAF, fabricante dos veículos.
 
Procurada, a Secretaria Extraordinária da Copa de 2014 (Secopa), órgão do governo de Mato Grosso responsável pelos preparativos para o evento, preferiu não comentar a decisão por não ter ainda conhecimento formal da investigação sobre o VLT, mas reafirmou que a licitação do modal foi realizada com total lisura e transparência.
 
A reportagem procurou também o Consórcio VLT, responsável por executar as obras em Cuiabá e Várzea Grande. A assessoria de imprensa do consórcio respondeu que não vai se pronunciar sobre o assunto. O G1 também tentou contato telefônico com a CAF para que a empresa se pronunciasse, mas a reportagem foi informada de que não havia ninguém para atender no momento.
 
Do G1 MT

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões