Ken Gregory, de 65 anos, de Peterborough, no leste da Inglaterra, sofreu queimaduras de primeiro e segundo graus. As feridas, que atingiram 14% de seu corpo, produziram cicatrizes de grandes proporções.
O julgamento vinha sendo acompanhado com interesse depois que Gregory decidiu falar abertamente sobre seu caso para ilustrar o problema da violência doméstica contra homens – e estimular outros homens a denunciar agressões do tipo.
"Devemos passar a mesma mensagem que transmitimos às mulheres: não tenham medo, vocês não precisam aguentar isso", disse Gregory.
Sua mulher, Teresa Gilbertson, que trabalhava em uma unidade especial da polícia, foi considerada culpada por cometer agressão física grave.
Gilbertson, de 60 anos, não mostrou "nenhum remorso", informou o tribunal de Peterborough, onde o caso foi julgado.
Gregory conheceu Gilbertson sete anos atrás após a morte de sua primeira mulher, Maureen. Eles ficaram casados durante 30 anos.
No dia do ataque, Gregory planejava visitar o túmulo de sua primeira esposa, que faria aniversário na data se estivesse viva.
Mas, em vez disso, ele e Gilbertson brigaram e concordaram em se divorciar.
A mulher foi fazer uma xícara de chá, mas voltou com uma jarra de água fervente que derramou sobre a cabeça do marido por trás.
O promotor Thomas Brown classificou o ataque de Gilbertson como "uma tentativa deliberada de ferver seu marido".
Ken Gregory disse que sentiu dores "insuportáveis e lancinantes".
Segundo relatos ouvidos no tribunal, a raiva de Gilbertson foi motivada por dificuldades financeiras do casal.
Ela pedia dinheiro para fazer as tarefas domésticas e comprar carros.
Durante a leitura da sentença, o juiz Peter Murphy descreveu o acontecimento como "um caso muito triste", mas afirmou que não havia traço de "remorso" por parte de Gilbertson.
Ela também foi proibida por sete anos de se aproximar do ex-marido.
No início deste mês, Gregory falou sobre o caso publicamente e aceitou mostrar suas cicatrizes para encorajar outros homens vítimas de violência doméstica a falar sobre o problema.
Embora o caso de Gregory seja grave, episódios em que mulheres são agredidas por homens são muito mais comuns em todo o mundo.
Na Inglaterra e no País de Gales, houve 1,2 milhão de mulheres vítimas de violência doméstica em 2013, segundo a polícia, e 700 mil homens.
No Brasil, uma pesquisa do DataSenado em 2013 indica que mais de 13,5 milhões de mulheres já sofreram algum tipo de agressão e cerca de 700 mil ainda convivem com o agressor.
Cerca de 65% das mulheres foram agredidas por maridos, companheiros ou namorados. Não há estatísticas sobre a violência doméstica contra homens no país.
Fonte: BBC