Dois médicos, três servidores públicos e dois empresários que lucraram ilegalmente com a colocação de próteses vão ter que devolver dinheiro aos cofres públicos. Eles foram condenados pela Justiça a indenizar um dos maiores hospitais públicos de Porto Alegre em mais de R$ 5 milhões. O esquema foi revelado em reportagens do Fantástico deste domingo (11) e da semana passada.
Entre os condenados estão o ex-chefe do setor de próteses do Hospital Cristo Redentor, Ladimir Kosciuk, e o ex-gerente de internação, Jorge Schreiner. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), eles favoreciam dois fornecedores em compras de próteses realizadas pelo hospital. A Justiça diz que eles também autorizaram o pagamento de material não utilizado nos pacientes durante os procedimentos.
A fraude foi descoberta em 2002. O esquema foi confirmado por uma testemunha ao Ministério Público Federal. “Um parafuso pedicular, que hoje, em 2015, o SUS paga R$ 420, R$ 450, de fabricação nacional, na época era vendido, em 2001, a R$ 1.180”, conta a testemunha.
O ex-funcionário afirma que as mesmas fraudes reveladas pela reportagem do Fantástico já aconteciam no hospital desde 2001. E confirma que médicos cobravam por material não colocado nos pacientes. “Por exemplo, enxerto ósseo, tu não tens controle. Tu colocas um grama e cobra 10 gramas. E nenhum raio X, nenhuma ressonância vai conseguir dizer se foi colocado ou não”, detalha.
Ele também afirma que empresas se combinavam para vencer licitações para o fornecimento de materiais ao hospital. “Nesse hospital público eles tinham três empresas. Aí eles ‘joquiavam’, ganhava uma, ganhava outra, e numa terceira licitação, ganhava uma terceira. Todas se combinavam”, diz o funcionário.
Três funcionários do hospital e sócios das empresas Ortomed, Improtec e Bio Engenharia também foram condenados. Todos podem recorrer da decisão. Conforme a sentença, o valor a ser devolvido é a soma da multa imposta pela Justiça e do prejuízo causado aos cofres do governo federal.
A direção do Hospital Cristo Redentor diz que demitiu os médicos e servidores e que tenta reaver o prejuízo causado aos cofres públicos. “Todos os sistemas foram muito aprimorados, principalmente as compras, os sistemas de licitação, que era efetivamente onde ocorria o problema na época. A fraude ocorria através das licitações fraudadas”, diz a gerente da assessoria jurídica do hospital, Angelita da Rosa.
Fonte: G1