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Justiça: Acusado de decapitações fará tratamento psiquiátrico

Com base em um laudo psiquiátrico, a Justiça sentenciou Jonathan Lopes de Santana,  acusado de decapitar cinco pessoas e matar mais uma entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro de 2014 em Mogi das Cruzes e Poá, à internação em manicômio judiciário. A sentença foi proferida no dia 31 de agosto, mas o G1 teve acesso apenas nesta quinta-feira (6). Segundo a defesa do acusado, ainda não houve a transferência. O acusado está preso desde o dia 5 de dezembro naPenintenciária II Doutor José Augusto Salgado de Tremembé.

Jonathan Santana foi preso no dia 3 de dezembro de 2014, após a denúncia de uma testemunha que o flagrou cometendo uma decaptação em Mogi. Apenas no dia que foi preso, ele matou três pessoas. O acusado relatou à polícia que seguia ordem de vozes. Em cinco dias foram seis mortes, cinco delas por decapitação.

Tanto defesa, quanto a Promotoria do Ministério Público, informaram que a decisão do juiz atende um pedido comum. "Nosso pedido era para que ele não fosse à juri e que já fosse determinada internação', disse o promotor Leandro Lippi Guimarães.

Segundo o promotor, a escassez de possibilidades jurídicas, somada ao laudo psiquiátrico do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (IMESC) embasaram a decisão. "Foi considerado que não havia tese de defesa em favor do Jonathan. Através do laudo, ele também foi considerado inimputável. Ele não negou os crimes, mas também não apresentou defesa. Por isso, com esse cenário, o juiz pode determinar, já nesta fase do processo, sua internação, nem passando para análise do júri".

Ainda de acordo com o promotor, não é possivel determinar quanto tempo deve durar a internação. "No hospital de custódia, devem avaliá-lo para saber se ele poderá ter liberdade após de terminado período, ou se ficará internado o resto da vida. Não é possível determinar isso agora", disse o promotor.

No laudo, assinado pelo perito Paulo Sérgio Calvo, a conclusão é de que Jonathan é considerado "inimputável para o delito descrito na denúncia" e que "considerando sua alta periculosidade, a medida de segurança indicada consiste na internação em instituição psiquiátrica nos moldes do hospital de custódia e tratamento psiquiátrico por, pelo menos, dois anos". O laudo foi concluído em maio deste ano.

O processo está em fase de recurso, mas o promotor informou que o MP não apresentará interposição à decisão.

Segundo o advogado de defesa, Edson Reis, o acusado já foi notificado da chamada "absolvição imprópria com imposição de medida de segurança". "Um oficial de justiça já entregou a decisão em Tremembé, onde ele está preso".

O caso

Jonathan Santana foi preso no dia 3 de dezembro, após a denúncia de uma testemunha que o flagrou cometendo uma decaptação em Mogi. A pessoa anotou a placa do carro usado na fuga, o que levou os policiais até a casa do segurança, onde encontraram marcas de sangue no veículo e em roupas. Na manhã desse mesmo dia, três corpos decapitados haviam sido encontrados em Mogi. Na delegacia, segundo a polícia, o jovem confessou seis crimes.

Segundo uma lista de vítimas apresentada pela polícia, a primeira delas foi Flávia Aparecida de Paula Honório, de 38 anos, decapitada em um local conhecido como Favela do Gica, no distrito de Brás Cubas, em 29 de novembro.

No dia 1º de dezembro, o acusado teria atacado dois moradores de rua na Avenida Francisco Rodrigues Filho, no Mogilar. Um deles, ainda não identificado, morreu esfaqueado e queimado. O outro foi levado em estado grave para o Hospital Luzia de Pinho Melo e teve alta semanas depois.

Na noite do dia 2 de dezembro, a vítima foi Kelly Caldeira da Silva, decapitada em Poá. Em 3 de dezembro, foram três vítimas: Carlos César de Araújo, morador de rua, e Maria Aparecida do Nascimento, atacados em diferentes pontos da Avenida Francisco Rodrigues Filho, e Maria do Rosário Coentro, decapitada na Avenida Antonio de Almeida, no Rodeio.

Segundo a polícia, o homem golpeava primeiro as vítimas com uma machadinha e depois as decapitava.

Na noite do mesmo dia, segundo o delegado seccional Marcos Batalha, um morador de rua ferido procurou a polícia dizendo ter sido atacado por Jonathan no dia 30 de novembro em frente ao Hospital Luzia de Pinho Melo. Ele contou ter sido agredido com uma machadinha e que reconheceu Jonathan como seu agressor ao vê-lo em reportagens.

Vídeo 

Imagens de duas câmeras de monitoramento mostram o ataque ao morador de rua morto no dia 3 de dezembro. O crime aconteceu em uma das ruas mais movimentadas de Mogi das Cruzes por volta das 6h30. Motoristas e pedestres não reagem diante do homicídio.

Batalha disse que, logo ao ser preso, Jonathan apresentava marcas no corpo relacionadas aos crimes. No braço, tinha o desenho de uma machadinha e, na perna, o número 36. Segundo o delegado, o jovem disse que tinha o compromisso de matar 36 pessoas. "Ele disse que tirou as ideias de vídeos de decapitações do Talibã."

Ainda segundo Batalha, Jonathan estava consciente quando cometeu os crimes e seus alvos eram usuários de crack e moradores de rua. "Ele disse que se não tivesse sido preso continuaria matando. Ele achou que todas as vítimas eram moradores de rua e disse que eles não pagam impostos, vivem às custas dos outros e que não acha isso certo."

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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